Mobilidade urbana é um tema que, cada vez mais, está intimamente ligado aos investimentos e melhorias no transporte público. De fato, esse é um consenso entre os especialistas e deve ser alvo de atenção do Poder Público. Contudo, não podemos deixar de fora da discussão a base da política de expansão urbana do país: automóveis. Acredito que a aplicação de tecnologia pode tornar menos árdua a tarefa diária de circular nos grandes centros urbanos, e a adoção de ITS (sigla em inglês para Sistemas de Transporte Inteligente) também deve constar da pauta de mobilidade urbana.
CRESCIMENTO ECONÔMICO x CAOS NO TRÂNSITO
A estabilidade econômica e a melhoria na distribuição de renda contribuíram para o desenvolvimento das regiões urbanas, e como conseqüência, do aumento da frota nacional. Uma crise em 2008/2009 foi minimizada pelo Governo com a redução de IPI para os automóveis. Resultado: mil novos licenciamentos por dia apenas na cidade de São Paulo. A metrópole, que já sofre com uma frota de cerca de 6 milhões de automóveis, caminha para um colapso em suas ruas e avenidas. Dados do Ministério das Cidades indicam que o automóvel responde por um terço da mobilidade urbana do Brasil. Esta é a nossa realidade.
Na medida em que o tamanho da cidade aumenta, aumentam seus problemas de trânsito e as soluções se tornam cada vez mais complexas. Prova disso é que cidades como Londres e Cingapura, já tendo esgotado todas as alternativas, optaram pela restrição de veículos em suas regiões centrais: o "pedágio urbano". Ainda que a renda seja revertida para investimentos no Transporte Público, não se pode ignorar o fato de que é uma medida autoritária, que interfere no direito de ir e vir dos londrinos.
Acredito que toda medida restritiva, como o pedágio existente no exterior, ou o rodízio de veículos da cidade de São Paulo, são problemáticos e só devem ser adotados em última circunstância. Seu efeito, infelizmente, nem sempre é o esperado, e em São Paulo, mesmo com o rodízio, volta e meia surgem propostas de implantar a cobrança do famigerado "pedágio urbano" por aqui. Creio que, antes de tomar tais medidas, algumas tecnologias deveriam ser consideradas pois efetivamente podem melhorar o trânsito das nossas cidades.
TECNOLOGIA PARA ORGANIZAR O TRÁFEGO URBANO
O primeiro passo para todo trabalho de engenharia de tráfego é o mapeamento das ruas e o levantamento dos dados. Hoje isso é facilitado pelas novas tecnologias, e já é possível contar com o mapeamento por satélite e a simulação virtual. Como em um "video game", o computador digitaliza toda a região e analisa os dados obtidos pelos controladores para prever os mais diversos cenários de trânsito e as melhores soluções viárias. Isso sem investir dinheiro público em obras que demoram a ficar prontas e das quais não sabemos a real eficiência até que estejam prontas.
Outra tecnologia que já está em uso em algumas cidades, e é 100% nacional, é o Controle de Tráfego Automático em Tempo Real: os semáforos alteram o tempo de abertura conforme varia o fluxo de veículos, elevando a eficiência do sistema como um todo. Esta tecnologia foi desenvolvida em conjunto com a Universidade Federal de Santa Catarina e já é adotada no município de Macaé, RJ. Lá, os semáforos são todos controlados pela central via celular, são sincronizados por satélite e modificam o tempo de abertura conforme o fluxo das vias. Com investimento baixo, a cidade conseguiu reduzir o tempo das viagens em até 35% e está preparada para o crescimento da sua malha urbana decorrente da intensa atividade petroleira na região.
Estes são apenas dois exemplos de uso da tecnologia em favor do trânsito das grandes cidades. Há também a possibilidade de câmeras de monitoramento, câmeras inteligentes capazes de detectar as placas dos veículos e eliminar as blitz que bloqueiam faixas. Utilizadas em conjunto com o sistema de controle dos semáforos, as tecnologias podem auxiliar e agilizar os serviços públicos, facilitando o deslocamento de ambulâncias, bombeiros e viaturas policiais.
Fonte: Administradores.com
0 comentários:
Postar um comentário