No dia 22 deste mês é comemorado o "Dia Mundial Sem Carro", um evento que começou na França, em 1988, e que ganhou o mundo. O objetivo é conscientizar a população sobre os danos da emissão de gases de efeito estufa e ressaltar a importância do uso sustentável dos meios de transporte.
No Brasil a data é celebrada principalmente nas capitais, onde os problemas de trânsito, transporte e de poluição são mais gritantes. No Rio de Janeiro, por exemplo, a prefeitura já comunicou que vai proibir o estacionamento de mais de 2 mil carros e motos em várias ruas do centro da cidade no dia 22. O volume é quase o dobro, se comparado ao ano passado, quando o Rio aderiu ao movimento. Neste dia a prefeitura quer incentivar as pessoas para que elas usem mais o transporte coletivo e bicicletas.
A proposta do Rio é ótima e poderia ser usada como modelo para todas as grandes cidades brasileiras, se para isso, é claro, o usuário tivesse o mínimo de infraestrutura para deixar o carro na garagem.
As pessoas estão comprando mais veículos não apenas porque a economia está estável, porque o IPI foi reduzido ou porque estão ganhando mais. O brasileiro passou a comprar o tão sonhado carrinho (e pagar as intermináveis prestações) porque não tem um sistema de transporte público eficiente. Nas cidades que podem contar com o metrô as coisas são um pouco melhor mas, infelizmente essa não é a realidade da maioria dos municípios.
O que é oferecido de fato para o cidadão são os ônibus, um serviço que - com raríssimas exceções - deixa muito a desejar. A frota muitas vezes não atende a demanda, os veículos são velhos, sem ar condicionado e nos horários de pico trabalham abarrotados, transportando pessoas como se fossem "sardinhas".
Quem deseja ser o mais ambientalmente correto e ir para o trabalho de "bike" se depara com outro problema grave: a falta de ciclovias. Em Cuiabá um grupo muito animado resolveu pedalar à noite - é comum encontrá-los pelas principais avenidas da cidade - mas não tem outra opção a não ser andar na rua, já que as ciclovias são uma raridade. Se praticar o ciclismo como esporte é difícil, imagina então ter que ir trabalhar usando a "magrela". Nem pensar, o risco de ser atropelado assim que sair de casa é grande.
As pessoas, ou pelo menos grande parte delas, querem fazer a sua parte, dar sua parcela de contribuição em prol do meio ambiente, de um ar melhor e de qualidade de vida. O poder público por sua vez também tem que dar a contrapartida. As pessoas só vão trocar de fato o carro pelo transporte público ou individual o dia em que tiverem um serviço de qualidade e segurança. Do jeito que está é preciso ser muito, mas muito otimista mesmo para acreditar que os carros vão ficar na garagem.
Fonte: Gazeta Digital
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