O Recife anda a passos lentos, quase parando. Ir e vir, todos os dias, têm sido mais penoso. As pessoas permanecem mais tempo nos carros, presas nos congestionamentos. A capital pernambucana ainda está longe de alcançar os transtornos da cidade de São Paulo, que registra até 200 quilômetros de engarrafamento, mas há corredores em que a velocidade média, nos horários de pico e no sentido mais carregado, é de 9 quilômetros por hora, no máximo 10 quilômetros por hora. A ausência dos agentes de trânsito nas ruas agrava a situação. Deixa condutores à vontade para cometer as mais variadas infrações, principalmente, o estacionamento irregular e a carga e descarga em horário e local proibidos.
A capital atingiu em junho deste ano 500 mil veículos registrados. Mas, na prática, recebe em seu sistema viário a frota da Região Metropolitana, que até o mesmo período era de 800 mil carros. Por mês, são dois mil novos veículos entrando nas ruas. Mesmo assim, o efetivo da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) é de 296 agentes de trânsito. E, diariamente, cai para 200 homens, devido à escala de trabalho. São profissionais que se dividem em variadas funções, não apenas na fiscalização de rua.
Dos 296 agentes de trânsito da capital pernambucana, menos da metade trabalha por turno e, desses, 44 são destacados para pontos fixos. Ou seja, sobram pouco mais de 50 agentes para dar conta do restante das ocorrências e da fiscalização, em uma cidade com um fluxo atual de cerca de 800 mil carros, incluindo a frota metropolitana. "A gente perde um tempo enorme com as ocorrências de trânsito, principalmente quando há vítimas, e também nas intervenções de obras quando há necessidade de desvio de tráfego e acaba sobrando pouco para a fiscalização", admitiu o diretor de trânsito da CTTU, Agostinho Maia. Segundo ele, seria necessário pelo menos duplicar o número atual de agentes de trânsito.
Em 2003, quando a CTTU começou a operar, a frota do Recife era de 300 mil carros. Em 2008 já estava em 450 mil. Um aumento de 150% para os mesmos agentes. Sem falar na frota metropolitana.
Para o engenheiro civil e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Oswaldo Lima Neto, especialista em planejamento de transporte urbano, a operação de tráfego deve obedecer a uma receita simples. É preciso, segundo ele, olhar o que está acontecendo no tráfego e agir rapidamente para garantir a fluidez. "Em São Paulo quando não havia esse tipo de tecnologia, eles já faziam a operação do tráfego colocando agentes com binóculos em postos de observação para avisar quando algum motorista estava atrapalhando o trânsito. A lógica é justamente vigiar e desobstruir. Aqui, a operação de tráfego simplesmente não funciona ", afirmou. Afinal, aonde estão os agentes de trânsitoquando mais se precisa deles?
Fonte: Diário de Pernambuco e Blog Meu Transporte
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