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Salvador: A cidade reclama um sistema de ônibus de alta capacidade

quarta-feira, 23 de junho de 2010


Num fim de tarde de um dia de trabalho assoberbado e comum na Transalvador – de reuniões, entrevistas, telefonemas, problemas, notícias da cidade …-, a equipe da revista Salvador em Movimento sentou -se com o arquiteto Francisco Ulises , e a conversa fluiu , rolou como o bate -papo dentro de um buzu , os asuntos pasando pela janela, seguindo em frente:

Qual a importância do ônibus na vida da cidade ?

Francisco Ulises - O ônibus é o veículo onde a população mais trafega. Por mais que haja carro particular, nada supera a quantidade de passageiros nos ônibus na cidade. Mais de 40 milhões de pessoas trafegam de ônibus, por mês, em Salvador.

Alguns acham que a quantidade de ônibus contribui para os engarafamentos…

FU - Nas grandes cidades, muitas inchadas, o grande vilão é o carro, o veículo individual. Ou as cidades implementam sistemas de transporte de massa com qualidade, de alta capacidade, que permitam as pessoas deixarem seus veículos individuais na garagem, ou as grandes cidades param. É o que já está acontecendo em Salvador.

As pesoas cobram mais vias, viadutos, sinaleira,ordenamentos de tráfego…

FU - Quanto mais viadutos, mais carros circulando; quanto mais vias, mais congestionamentos. Está provado: a solução do trânsito não está no trânsito, não é engenharia de tráfego, não são viadutos, obras, nada disso… São medidas que até podem minorar os engarrafamentos, aqui e ali, mas a solução é o transporte de alta capacidade. No caso de Salvador, cidade hoje com mais de três milhões de habitantes, a solução é um sistema de ônibus de alta capacidade e qualidade. Disso não temos dúvidas.

Andar de ônibus , hoje , então , significa cidadania?

FU - Utilizar o transporte coletivo de massa é um exercício de cidadania. Está provado que o uso do transporte individual como tem sido feito nas grandes cidades, também em Salvador, prejudica o direito de ir e vir de todos. Inclusive do próprio dono do carro particular.

Como se sustenta esse raciocínio?

FU - É simples. Um ônibus transporta 100 passageiros e ocupa o espaço de dois carros, às vezes, com apenas uma pessoa ao volante. Outra coisa: 55% da população de Salvador, por exemplo, andam de ônibus e 28% a pé. De carro, em torno de 15%… Então, há uma inversão de prioridades, de hierarquia. É preciso transporte coletivo de qualidade para a maioria, propiciar boa circulação para o pedestre e ter o transporte individual como alternativa.

Essa é a tendência, o caminho do futuro?

FU – Para que se tenha a ideia de quanto o carro particular é tido como o grande vilão nas cidades modernas, em Manhattan, por exemplo, não se aprovam mais projetos de prédios com garagem. Isso na tentativa de obrigar os proprietários dos novos apartamentos da ilha de Nova Iorque a manterem seus carros em garagens, estacionamentos distantes, forçando-os assim a usar o transporte de massa. Diz-se que mobilidade se resolve com transporte de qualidade e com a restrição ao uso de carro particular.

Bem, então está tudo errado, porque o que vemos é o incentivo, até do governo, à compra de caros e de motos, não?
FU - Moto é uma praga nas cidades e é um veículo inseguro e poluente… E não existe um sistema de transporte coletivo de qualidade porque o que prevalece é a lógica dos interesses das grandes indústrias automobilística e das obras viárias, dos grandes projetos. Assim, não se prioriza o transporte de massa, como devia. As cidades carecem de recursos. Como está, tudo trava e todos são prejudicados. Essa realidade perversa e poluidora é também contra a nova ordem mundial, a visão dasustentabilidade.

Mas iso vem de longe

FU - A política desenvolvimentista dos anos 1950 priorizava o transporte individual. Tinha sentido na época. Mas hoje a população brasileira é majoritariamente urbana e os grandes conflitos, as crises estão nas cidades. Segurança, desemprego, saúde, o estresse, o trânsito… A vida humana está em jogo. Já devíamos ter optado por outros modelos, elegendo novas prioridades.

Essa visão política desatuali zada tem um custo …

FU – Hoje, o custo social com acidentes de trânsito, por exemplo, é absurdo, muito alto. O País tem um prejuízo de bilhões, cada ano. São mais de 30 mil mortes por ano, isso corresponde a uma guerra. Morre-se mais aqui no trânsito do que nos conflitos do Iraque, por exemplo. E isso é inadmissível. Seguramente não mudamos isso com mais carros e motos nas ruas, mais vias e viadutos para eles.

Tampouco com quebra-molas …

FU – Os quebra-molas aparecem em função da velocidade dos carros particulares. Diante dos atropelos, acidentes, as comunidades reivindicam e até constroem os quebra-molas. Num recente levantamento descobrimos uma linha de ônibus em que há 110 quebra-molas numa só viagem, ida e volta. Isso trava o fluxo, estraga o veículo e acaba com a saúde do motorista. Veja o ciclo vicioso: o carro corre, o cidadão põe o quebra-mola, há o travamento, o estresse, o prejuízo. Congestionamento significa perda de dinheiro.

Em torno desses problemas há uma discusão entre o poder público e os empresários?

FU - Amadurecemos muito. Hoje o Setps nos acompanha,há uma parceria em busca de soluções, até em função da sobrevivência.

Em torno desse projeto do BRT, por exemplo, há uma parceira. Há nesse sentido uma convergência de intereses …
FU – Interesses da sociedade. Vivemos um momento de transição, quanto a questão dos transportes urbanos. É um momento sensível , precisamos de critérios e rigor nas decisões,porque o que decidirmos hoje vai ganhar amplitude no futuro da cidade. A meta é a melhoria nos serviços. O empresariado, hoje, está compreendendo isso bem melhor.

Hoje se vê o empresariado como parceiro, mas ainda há quem os veja como exploradores?

FU – Acho que isso é coisa do passado. Houve uma mudança geracional, há uma nova mentalidade, umaevolução. A NTU, a entidade nacional dos empresários de transportes urbanos, hoje tem a sofisticação de uma FIESP. Possui consultores de alto nível, alguns internacionais. Eles cresceram muito em nível de organização e têm contribuído positivamente na discussão dos problemas de transportes do País.

Como foi construída esa parceria, prefeitura/Setps, em torno do projeto BRT?

FU - Montamos um grupo com cinco técnicos da prefeitura, três do Setps e mais uma consultoria de fora. Fizemos avaliações, buscamos alternativas, indicamos caminhos, opções. Para nós, importante. Para eles, é também a sobrevivência do negócio. É necessário recuperar o tempo, as perdas…

A concorência também é maior, as exigências do usuário também?

FU – Se não oferecer um bom serviço, o usuário corre para as moto-táxis, vans, compram motos e carros usados em prestações a perder de vista… Já se diagnostica uma perda de 15% de demanda em cima desses fatores. Então, o sistema de BRTS é um benefício para a cidade, para o cidadão e significa uma retomada para o empresariado do setor.

Então , o moderno não é voar de moto , tampouco o último modelo do carão … e sim o BRT… Mas , como convencer o consumidor?

FU - Sabemos que o apelo promocional hoje é para o transporte individual. Propaganda, facilidades, financiamentos especiais, etc.. Mas isso é um equívoco. O próprio governo federal há de repensar o assunto. Veja, a moto é o veículo de maior índice de acidentes, com tantos casos diários de morte,invalidez… Moto significa rapidez, velocidade, risco de vida. E as motos são as maiores poluidoras urbanas! A moto polui mais do que um carro, um ônibus…

E vem aí o Bus Rapid Transit , o BRT.

FU - O BRT é uma mudança de inflexão. Teremos um sistema de alta qualidade e capacidade com um custo 10 vezes menor do que um metrô. E que vai dar a Salvador um upgrade de qualidade urbana e de qualidade de vida. Vai criar novos comportamentos.

E iso tudo num tempo hábil, curto …
FU - O que a Copa do Mundo 2014 fez conosco foi pegar o sistema, que já existia num projeto bem estudado e traçado, e que talvez demorasse de aprontar e de começar a executar, e potencializou, definiu um prazo: tem que ser 2012. Em dezembro de 2012, o sistema do transporte de massa urbano da cidade deve estar em operação para a Copa das Confederações, que acontece em Salvador.

E o sistema é ese mesmo, o BRT que foi criado e aprovado em Curitiba?

FU – Não há outro possível. Até a decisão da Fifa por Salvador aconteceu também em função da viabilidade do BRT, levando em conta a questão do tempo. Eles conhecem bem o sistema, viveram agora a experiência da implantação na África do Sul… Estamos prontos.

Fonte: Bahia em Movimento

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