A capital cearense está vivendo há 15 dias a maior greve de ônibus em duração já realizada. As dificuldades que a população vem enfrentando para chegar aos seus locais de trabalho e os impactos que a paralisação no setor de transportes causa em toda cidade são de conhecimento público. No entanto, para sairmos de discussões polarizadas, fugindo do contra e a favor, alguns pontos devem ser ponderados e alvo de reflexão.
Uma primeira questão é atentar que o País e o Estado estão em pleno crescimento econômico. O Ceará, inclusive, com taxas acima da média nacional, apontando para um crescente potencial de investimentos. Como reflexo, houve aumento em 17,89% do número de usuários do sistema de transporte coletivo, de 2005 a 2010, de acordo com dados da Etufor. Mais pessoas andam de ônibus, mais lucros para os donos de empresas, que possuem uma concessão pública de prestação de serviços.
Como os ganhos ficaram concentrados com os empresários até agora, não há qualquer justificativa para o aumento da passagem de ônibus de Fortaleza. Além de uma medida sem respaldo econômico, traria prejuízos para toda a população da cidade, entre os que dependem direta, ou indiretamente, do transporte público.
O diálogo é o caminho primeiro e preferencial no processo de negociação coletiva de trabalho. Se não é possível, a Constituição brasileira garante uma forma de compensar as diferenças entre trabalhadores e os que detêm o poder econômico. Esse instrumento legítimo dos trabalhadores é a greve. A defesa do direito de luta por melhores condições de trabalho e dignidade deve ser o norte para uma sociedade democrática.
Motoristas, cobradores e fiscais são profissionais valorosos, submetidos a extensas jornadas, estresse, poluição, que só conquistaram ganhos por meio da reivindicação e unidade da categoria. Eles e todos nós esperamos que os empresários retomem o diálogo com os representantes dos trabalhadores, reconhecendo os lucros que concentram. Somente assim todos serão beneficiados.
Fonte: O Povo online
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