Uma garfada na comida, abotoar uma blusa, abrir o carro, comer um brigadeiro, beber um copo d'água e até ler esta frase. Muito se faz em 15 segundos. Mas, na Estação Pirajá, este é o tempo para que um ônibus fique completamente lotado, com mais de 100 passageiros. Como? Eles entram pelas portas, pela janela e saem pendurados nos carros.
A dica dos passageiros: tem que ter disposição! São 5h e o pintor Júlio César de Araújo está na fila para entrar no ônibus, mas sabe que precisa se preparar para correr. O ônibus para na plataforma e, 15 segundos depois, está lotado. Até o trabalho, numa oficina em Ondina, o desconforto é enorme. Afinal, ele divide espaço com pelo menos mais 100 passageiros, que invadem o carro por portas e janelas. Como ele consegue?
“Rezando. Muitas vezes, chego atrasado no trabalho e o patrão não gosta. Ele não quer saber o motivo do atraso. Sabe apenas que não cheguei no horário e a lenha desce. É um sacrifício diário”, conta.
Júlio é um dos 120 mil passageiros que utilizam o terminal de transbordo — por ser uma estação, não há cobrança de passagem — diariamente e sofre com o descaso e a desorganização. No cenário de guerra, é com socos e pontapés e até mordidas que os usuários lutam por um lugar.
A dica dos passageiros: tem que ter disposição! São 5h e o pintor Júlio César de Araújo está na fila para entrar no ônibus, mas sabe que precisa se preparar para correr. O ônibus para na plataforma e, 15 segundos depois, está lotado. Até o trabalho, numa oficina em Ondina, o desconforto é enorme. Afinal, ele divide espaço com pelo menos mais 100 passageiros, que invadem o carro por portas e janelas. Como ele consegue?
“Rezando. Muitas vezes, chego atrasado no trabalho e o patrão não gosta. Ele não quer saber o motivo do atraso. Sabe apenas que não cheguei no horário e a lenha desce. É um sacrifício diário”, conta.
Júlio é um dos 120 mil passageiros que utilizam o terminal de transbordo — por ser uma estação, não há cobrança de passagem — diariamente e sofre com o descaso e a desorganização. No cenário de guerra, é com socos e pontapés e até mordidas que os usuários lutam por um lugar.
Tem jeito
É por isso que a Estação Pirajá será o ponto de partida para uma mudança nas linhas de ônibus, proposta pelo superintendente de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), Miguel Kertzman. Em entrevista ao CORREIO, ele diz que a ideia, a curto prazo, é que as linhas mais sobrecarregadas ganhem carros extras, retirados das linhas com menos passageiros nos horários de pico. “Vamos fazer uma reprogramação das ordens de serviço em várias linhas. Temos exemplos de linhas que só tem passageiros em determinados horários. Isso faz com que um ônibus vá para a rua sem necessidade”, explica o superintendente.
Além da reordenação das linhas, o controle dos veículos que fazem o transporte coletivo também vai aumentar. “Queremos uma fiscalização online. Com o GPS, podemos saber se o carro está no itinerário certo, usando a faixa correta das vias e, assim, causando menos engarrafamentos e transtornos”.
Além da reordenação das linhas, o controle dos veículos que fazem o transporte coletivo também vai aumentar. “Queremos uma fiscalização online. Com o GPS, podemos saber se o carro está no itinerário certo, usando a faixa correta das vias e, assim, causando menos engarrafamentos e transtornos”.
Rotina
As reclamações vão desde a falta de ônibus e a desordem nas filas, até a agressões e desrespeito ao Estatuto do Idoso. “Há duas semanas, uma senhora, aparentando seus 75 anos, chegou a cair perto da porta do meio, para deficientes, já que os motoristas não abrem a porta da frente nem para os idosos e nem para grávidas”, reclama Júlio César.
Se grávidas e idosos não tem privilégios, mulheres com crianças no colo e portadores de necessidades especiais muito menos. A doméstica Marcela Oliveira dos Santos, 29 anos, tem um bebê de 10 meses. Como não tem com quem deixar a criança, ela leva o filho para o trabalho.
A peregrinação começa às 5h30, quando acorda. Ela precisa chegar no trabalho, na Barra, às 7h. Para ela, se as filas fossem organizadas e o número de ônibus maior, ela teria uma hora e meia a mais no dia para o filho. “E o pior: os motoristas não abrem a porta e os fiscais não ajudam. Hoje, um dos orientadores disse que vai me ajudar porque vocês, repórteres, estão aqui. Caso contrário, eu não teria condições de pegar o ônibus”.
Marcela ensina a estratégia que ele adotou para conseguir entrar nos veículos com o filho. “Fiz amigos. Muitas pessoas que estão na fila hoje, estarão amanhã. Eles me veem com a criança nos braços e acabam abrindo espaço e formando um cordão em minha volta, protegendo meu filho. O que mais me revolta é ter que enfrentar a multidão, enquanto o motorista abre a porta da frente para amigos”.
O cobrador Aloisio Gomes, que trabalha na linha Barra 3, admite que o sistema de transportes falha, mas atribui a maior parcela de culpa aos usuários. 'Entendo que 64,3% dos problemas aqui são causados pela má educação dos passageiros', completa.
Se grávidas e idosos não tem privilégios, mulheres com crianças no colo e portadores de necessidades especiais muito menos. A doméstica Marcela Oliveira dos Santos, 29 anos, tem um bebê de 10 meses. Como não tem com quem deixar a criança, ela leva o filho para o trabalho.
A peregrinação começa às 5h30, quando acorda. Ela precisa chegar no trabalho, na Barra, às 7h. Para ela, se as filas fossem organizadas e o número de ônibus maior, ela teria uma hora e meia a mais no dia para o filho. “E o pior: os motoristas não abrem a porta e os fiscais não ajudam. Hoje, um dos orientadores disse que vai me ajudar porque vocês, repórteres, estão aqui. Caso contrário, eu não teria condições de pegar o ônibus”.
Marcela ensina a estratégia que ele adotou para conseguir entrar nos veículos com o filho. “Fiz amigos. Muitas pessoas que estão na fila hoje, estarão amanhã. Eles me veem com a criança nos braços e acabam abrindo espaço e formando um cordão em minha volta, protegendo meu filho. O que mais me revolta é ter que enfrentar a multidão, enquanto o motorista abre a porta da frente para amigos”.
O cobrador Aloisio Gomes, que trabalha na linha Barra 3, admite que o sistema de transportes falha, mas atribui a maior parcela de culpa aos usuários. 'Entendo que 64,3% dos problemas aqui são causados pela má educação dos passageiros', completa.
Fonte: Correio 24Horas
1 comentários:
CRUELDADE! ESSA É A PALVRA MAIS CORRETA PARA SE DESCREVER O DESCASO QUE É DADO AOS USUARIOS DA ESTAÇÃO PIRAJÁ. SOMOS OBRIGADOS A PRESENCIAR SITUAÇÕES TOTALMENTE CONSTRANGEDORAS COMO: EMPURRÕES,DEBOCHE DE ALGUNS "ORIENTADORES" DE FILA E MUITAS OUTRAS AGRESSÕES MORAL E ATÉ MESMO FÍSICA.SE CADA EMPRESARIO DONO DAS LINHAS DE TRANSPORTE,OS POLÍTICOS TIVESSEM DE FAZER USO DA ESTAÇÃO PIRAJÁ, TUDO ISSO MUDARIA.MAIS, ENQUANTO ISSO NÃO ACONTECE VAMOS SENDO OPRIMIDOS E DESRESPEITADOS DESCARADAMENTE DIA APÓS DIA.
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