Veja o resultado de um teste de cidadania: quem será que cede o lugar para idosos no transporte coletivo?
O Fantástico mostra os resultados de mais um teste de cidadania: quem será que respeita mais os idosos e cede o lugar no transporte coletivo? É fácil reconhecer uma pessoa de mais idade, mas parece que, dentro de um ônibus lotado, muita gente se faz de desentendida. “Infelizmente, nosso povo está muito mal educado”, critica Norma Fonseca Castex, de 66 anos. “Eu estava no ônibus, perdi o equilíbrio, fui cair na rua”, conta um senhor. O Estatuto do Idoso, criado em 2003 pelo Congresso Nacional, exige que pelo menos 10% dos assentos em trens, ônibus ou metrôs sejam reservados para pessoas com mais de 60 anos. Será que o brasileiro respeita essa lei?
O Fantástico saiu às ruas de quatro capitais do país para fazer o teste, com a ajuda de um time bem experiente no assunto. Todos com a mesma missão: encarar cinco trajetos de trem e cinco de ônibus.
No Rio de Janeiro, a cidade com maior população idosos do Brasil, acompanhamos A aposentada Celeste da Silva Santos que, aos 80 anos, depende do transporte público quase todo dia. “Já levei bastante escorregão ali dentro”, conta. Esta semana, a destemida octogenária contou com uma câmera escondida para testar a cidadania dos cariocas nos ônibus e trens metropolitanos. Em duas das cinco viagens de ônibus, ela não conseguiu lugar para sentar. Seguiu em pé por mais de 20 minutos. “É aquela saída, aquela freada brusca, aquilo tudo acaba com a gente”, afirma.
Já nos trens cariocas, quem está no assento para idosos nem sempre cede o lugar imediatamente. Mas em quatro das cinco viagens, a aposentada conseguiu viajar sentada. No último percurso, rapazes ocupam os assentos reservados para idosos e não dão a mínima para Dona Celeste.
Enquanto um ouve seu sonzinho numa boa, um resolve tirar uma soneca. E uma das moças em pé revela. “Ela mesmo disse que ele não estava dormindo. Ele estava acordado”, conta a aposentada.
Em São Paulo, foi o aposentado Joaquim Arruda, de 84 anos, quem avaliou a prontidão do paulistano para ceder lugar a um senhor de idade. Os trens estavam superlotados. Mesmo assim, o aposentado não ficou nem um minuto de pé nas cinco viagens de trem. E dos cinco percursos que fez de ônibus, Seu Joaquim teve que pedir para sentar apenas uma vez. “Eu achei que hoje eu tive sorte”, declara.
A aposentada Carmem Dias Aguiar, de 71 anos, mora em Belo Horizonte. Já passou maus bocados com o transporte público mineiro. “Muitas vezes, o motorista nem para. Ainda ouvimos ‘Pé na cova, não dá pra parar pra pé na cova’”, revela.
Já no primeiro ônibus, a aposentada dá de cara com uma dupla de distraídos. O jovem na janela faz vista grossa. E Dona Carmem precisa pedir para sentar no lugar destinado a pessoas da idade dela. Felizmente, nas outras quatro viagens de ônibus, Dona Carmen logo foi acomodada.
E nos trens mineiros, o resultado foi o mesmo: em apenas um dos cinco embarques, ela teve que pedir para sentar. “O cabelo branco me ajuda, eles me respeitam mais”, diz a aposentada.
Mas os cabelos brancos de Manoel dos Santos não comoveram os baianos de Salvador. Em quatro das cinco as viagens de trem que o Fantástico acompanhou, o aposentado de 83 anos sofreu com o pouco caso e a falta de bom senso dos passageiros. O aviso de assento reservado não estava em lugar algum, e ninguém se mexeu. “Só teve uma criatura que me cedeu lugar e as outras ficaram espiando, sem nada fazer”, conta.
Nos ônibus, foi um tal de colocar a mão no rosto e olhar pela janela. Seu Manoel teve que criar coragem para pedir por uma gentileza, que na verdade é seu direito. Sentou em apenas três das cinco viagens.
No teste do Fantástico de respeito ao idoso, Salvador ficou com o pior desempenho. Seu Manoel só conseguiu que oferecessem um lugar para ele em apenas quatro dos dez trajetos feitos nos trens e ônibus.
O Rio de Janeiro ficou com o segundo pior resultado. O assento reservado foi cedido a Dona Celeste em sete das dez viagens.
Já Belo Horizonte se saiu melhor, com oito assentos cedidos espontaneamente. Dona Carmen ficou satisfeita. São Paulo, neste teste, ficou com o posto de cidade mais gentil do Brasil: em nove dos dez percursos, de trem e de ônibus, Seu Joaquim teve seu direito garantido e rapidamente.
E cada vez mais velhinhos vão precisar da boa educação dos brasileiros: pesquisas recentes mostram que, daqui a 20 anos, a população de idosos no país vai ser maior do que a de jovens adultos. De cada quatro brasileiros, um terá mais de 65 anos.
Fonte: G1
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