A não inclusão do metrô de Porto Alegre entre os projetos a serem implementados para a Copa de 2014 representa mais uma frustração para a cidade. O transporte coletivo é inegavelmente um dos mais importantes desafios para a viabilidade da capital gaúcha e, nesse contexto, sempre se vê o metrô como uma alternativa, talvez a única, verdadeiramente eficaz. Recentemente, algumas vozes contestam a necessidade de tal solução que é cara e de difícil execução, mas a maioria das grandes cidades brasileiras está investindo em metrôs.
O próprio governo federal, a fonte dos recursos, faz restrições ao traçado que o metrô porto-alegrense teria em função da Copa, já que contemplaria regiões urbanas que não seriam as mais necessitadas desse transporte. Além disso, não haveria condições de concluir uma obra tão grande dentro de um cronograma que tem 2014 como data final. O projeto, no entanto, não é descartado, podendo ser incluído entre as obras do chamado PAC 2, a ser anunciado no ano que vem.
A água fria sobre a prioridade do metrô, que ocorreu na reunião de terça-feira em Brasília, não pode retirar a importância dos outros investimentos que a cidade conquistou e que precisa encaminhar para melhorar sua infraestrutura de transporte. Neste sentido, as verbas da Copa possibilitarão que o projeto dos portais seja implementado, a Avenida Tronco esteja viabilizada, possam ser erguidos viadutos sobre a Terceira Perimetral e aperfeiçoados os acessos à zona sul da Capital. Mesmo com essa qualificação, Porto Alegre continuará necessitando de uma obra definitiva, como a de um metrô subterrâneo e/ou de superfície, capaz de desafogar o trânsito e facilitar o transporte de passageiros de uma cidade que o automóvel ameaça paralisar.
Em meio ao debate sobre o metrô e os recursos da Copa de 2014, com partidos e políticos trocando acusações e tentando excluir-se de qualquer culpa ou responsabilidade por mais esse adiamento de uma obra básica para o futuro de Porto Alegre, torna-se evidente que, no Rio Grande do Sul, como disse um dos protagonistas, “as eleições nunca terminam”. O acirramento eleitoral se estende ao longo dos mandatos e funciona como um obstáculo que se sobrepõe ao interesse público, mesmo em questões em que há quase unanimidade, como a da necessidade de um sistema de transporte de massa rápido e moderno. Provavelmente, essa incapacidade de confluir para consensos seja uma das explicações para as dificuldades gaúchas em áreas tão fundamentais quanto a de projetos de desenvolvimento, qualificação da educação, ajuste da máquina pública e até melhorias de uma cidade escolhida como uma das sedes brasileiras da Copa do Mundo.
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