O fato de Sorocaba praticar ao lado de meia dúzia de cidades brasileiras, todas na faixa dos 630 mil a 1,3 milhão de habitantes - a tarifa de transporte coletivo mais cara do Brasil, segundo levantamento da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), pode até ser atenuado por fatores como a integração tarifária (que permite tomar dois ou mais coletivos com a mesma passagem), o transporte para deficientes e outras vantagens encontradas na cidade, como defende o presidente da Urbes Trânsito e Transportes, engenheiro Renato Gianolla.
A tarifa mais cara do Brasil não se justifica, porém, à luz do fato de que o transporte coletivo, na análise do próprio poder público, está deixando de cumprir sua função social para a população de baixa renda - que mais necessita dele -, e sendo relegado, pelas classes com renda um pouco melhor, à condição de serviço não-preferencial, quando poderia ser usado de maneira indutiva para equacionar com mais eficiência o problema de mobilidade urbana, contribuindo para reduzir os impactos de um transporte individual crescente sobre setores importantes como o tráfego e o meio ambiente.
Não estão em discussão, aqui, a competência de Gianolla, profissional especializado em transportes coletivos, que fala com conhecimento de sua área ou o esforço da Urbes para superar as dificuldades impostas por um serviço custoso e um caixa deficitário. O que se discute é o aspecto conceitual, que está muito acima das questões operacionais, e este remete para a necessidade de uma revisão profunda de todo o serviço, tendo em vista aquilo em que ele poderia contribuir verdadeiramente com a dinâmica urbana, favorecendo a inclusão social, reduzindo custos e melhorando a qualidade de vida não só dos usuários atuais, mas também daqueles que hoje evitam ter de usar o sistema.
Para essa revisão, será preciso encarar, de maneira corajosa, a questão dos subsídios e dos investimentos. O transporte coletivo não é uma atividade privada. É um serviço público essencial, que justifica, principalmente quando pautado por objetivos nobres, do ponto de vista comunitário, o gasto de recursos públicos, obviamente dentro da capacidade orçamentária do município. Sorocaba repassa perto de R$ 1 milhão por mês para o caixa único. Pode parecer bastante, mas é menos do que se gasta com horas extras na Prefeitura, por exemplo. A ampliação dos subsídios, como parte de um projeto que permita, por um lado, baratear a tarifa e, por outro, atrair um público maior não só entre os de baixa renda, mas em todas as classes sociais, justifica-se plenamente.
Um projeto piloto poderia ser desenvolvido no Centro da cidade, região onde a prioridade, claramente, foi dada ao transporte individual, e que hoje, por conta disso, paga um alto preço em morosidade do tráfego, falta de locais para estacionamento, poluição sonora e ambiental. Com certeza, muitas pessoas que vão de carro ao Centro deixariam o veículo em casa, se tivessem a certeza de que não precisariam esperar por muito tempo, nem encontrariam ônibus lotados, nem seriam deixadas longe de onde pretendem ir. Hoje, o Circular Centro deixa os terminais a intervalos médios de 19 minutos, chegando a 39, 43 e até 60 minutos, conforme a hora. Além disso, os horários são “quebrados” (7h25, 7h55, 8h12, 8h25, 8h44, etc.) e, consequentemente, difíceis de memorizar.
Implantar um sistema modelar de transporte coletivo na região central - talvez com o uso de microônibus e faixas exclusivas nas artérias que permitem esse recurso - seria uma ótima experiência rumo ao futuro, e, ainda que isso consumisse subsídios maiores que aqueles empregados atualmente, o investimento certamente valeria a pena, pois reverteria em benefícios para toda a população.
A tarifa mais cara do Brasil não se justifica, porém, à luz do fato de que o transporte coletivo, na análise do próprio poder público, está deixando de cumprir sua função social para a população de baixa renda - que mais necessita dele -, e sendo relegado, pelas classes com renda um pouco melhor, à condição de serviço não-preferencial, quando poderia ser usado de maneira indutiva para equacionar com mais eficiência o problema de mobilidade urbana, contribuindo para reduzir os impactos de um transporte individual crescente sobre setores importantes como o tráfego e o meio ambiente.
Não estão em discussão, aqui, a competência de Gianolla, profissional especializado em transportes coletivos, que fala com conhecimento de sua área ou o esforço da Urbes para superar as dificuldades impostas por um serviço custoso e um caixa deficitário. O que se discute é o aspecto conceitual, que está muito acima das questões operacionais, e este remete para a necessidade de uma revisão profunda de todo o serviço, tendo em vista aquilo em que ele poderia contribuir verdadeiramente com a dinâmica urbana, favorecendo a inclusão social, reduzindo custos e melhorando a qualidade de vida não só dos usuários atuais, mas também daqueles que hoje evitam ter de usar o sistema.
Para essa revisão, será preciso encarar, de maneira corajosa, a questão dos subsídios e dos investimentos. O transporte coletivo não é uma atividade privada. É um serviço público essencial, que justifica, principalmente quando pautado por objetivos nobres, do ponto de vista comunitário, o gasto de recursos públicos, obviamente dentro da capacidade orçamentária do município. Sorocaba repassa perto de R$ 1 milhão por mês para o caixa único. Pode parecer bastante, mas é menos do que se gasta com horas extras na Prefeitura, por exemplo. A ampliação dos subsídios, como parte de um projeto que permita, por um lado, baratear a tarifa e, por outro, atrair um público maior não só entre os de baixa renda, mas em todas as classes sociais, justifica-se plenamente.
Um projeto piloto poderia ser desenvolvido no Centro da cidade, região onde a prioridade, claramente, foi dada ao transporte individual, e que hoje, por conta disso, paga um alto preço em morosidade do tráfego, falta de locais para estacionamento, poluição sonora e ambiental. Com certeza, muitas pessoas que vão de carro ao Centro deixariam o veículo em casa, se tivessem a certeza de que não precisariam esperar por muito tempo, nem encontrariam ônibus lotados, nem seriam deixadas longe de onde pretendem ir. Hoje, o Circular Centro deixa os terminais a intervalos médios de 19 minutos, chegando a 39, 43 e até 60 minutos, conforme a hora. Além disso, os horários são “quebrados” (7h25, 7h55, 8h12, 8h25, 8h44, etc.) e, consequentemente, difíceis de memorizar.
Implantar um sistema modelar de transporte coletivo na região central - talvez com o uso de microônibus e faixas exclusivas nas artérias que permitem esse recurso - seria uma ótima experiência rumo ao futuro, e, ainda que isso consumisse subsídios maiores que aqueles empregados atualmente, o investimento certamente valeria a pena, pois reverteria em benefícios para toda a população.
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