Uma pesquisa feita com 1,6 mil pessoas mostrou o tamanho da insatisfação dos passageiros com a qualidade do transporte público no Rio de Janeiro. O estudo também indicou que muitos dos motoristas que hoje congestionam as ruas das grandes cidades trocariam o carro pelo ônibus ou o metrô se o serviço tivesse mais qualidade.
“Os ônibus são muito cheios. Não tem organização de fila, é um tumulto. Coisa de louco”, diz uma passageira.
“Eles querem colocar muita gente dentro, encher o trem”, afirma um homem.
“A gente vive espremido”, diz uma passageira.
“Inclusive tem que empurrar os passageiros para poder fechar a porta”, conta um passageiro.
A superlotação foi um dos principais problemas apontados na pesquisa da organização ‘Rio Como Vamos’: 74% dos passageiros de trem, 72% dos de metrô e 67% dos de ônibus reclamaram do aperto para ir ou voltar do trabalho.
“A gente precisa de um pouco mais de humanidade nos transportes. Um pouco mais de respeito com o trabalhador”, diz o estudante Tiago Parente.
Meio de transporte utilizado por 54% dos cariocas, os ônibus receberam a pior avaliação dos entrevistados. “Por que dá esta nota ruim? Porque estão lotados, porque há uma demora muito grande. A população sente, fica esperando. Quem já não passou por grandes avenidas e viu aquelas imensas filas de pessoas, de braços cruzados, esperando passar o transporte, passar o ônibus?”, afirma a coordenadora da organização Thereza Lobo.
Quem depende do transporte público tem a receita na ponta da língua. “Mais composições e um intervalo máximo de cinco minutos”, diz o maqueiro Julio Andrade.
“Eu acho que todas as estações de trem, de metrô, deveriam ter um banheiro popular para todas as pessoas poderem utilizar”, diz Wildson Damião.
Para um terço dos entrevistados, o trânsito piorou no último ano. Uma das consequências da baixa qualidade do transporte público foi o aumento da venda de automóveis.
Mas os engarrafamentos também cresceram, junto com as despesas extras para a manutenção dos carros. Resultado: a pesquisa também revelou que a maioria dos motoristas até deixaria o carro em casa se houvesse uma opção melhor de transporte.
É o caso do advogado Sérgio Camargo. Faz sete anos que ele não usa nenhum transporte público. “Se melhorasse a condição da rede metroviária e da rede transporte dos ônibus, certamente eu preferiria vir de ônibus, de condução pública porque evitaria todo o transtorno de dirigir, que é um desconforto”, ressalta.
O Metrô-Rio informou que desde fevereiro, 19 novas composições entraram em operação, o que aumentou em 30% a oferta de lugares.
Já a Supervia, que opera os trens, disse que 30 trens, vindos da China, foram comprados pelo estado e já estão em circulação.
Sobre os ônibus, a Secretaria dos Transportes informou que, no segundo semestre, entra em operação um esquema de monitoramento das empresas para identificar e corrigir o problema da superlotação.
Informações: Bom Dia Brasil