O NETV desta terça-feira (4) trouxe uma matéria especial sobre transporte público. A equipe de reportagem pegou um ônibus para mostrar como é a rotina de 1,8 milhão de passageiros da Região Metropolitana. A maioria deles precisa pegar dois ou mais ônibus para chegar ao trabalho ou em casa.
Para isso, eles têm que passar, pelo menos, por um dos 13 terminais de integração. Terminais onde reclamações de longas filas e os ônibus lotados são comuns. O repórter Sérgio Borges fez o percurso de uma das linhas que transportam mais passageiros: a PE-15/Afogados.
Ele pegou o ônibus no Terminal de Integração da PE-15, em Olinda, no começo da manhã e foi até o Terminal de Afogados, no Recife. Depois, fez o caminho de volta bem no horário de grande movimentação, às 18h30.
O primeiro passo, logo no início da manhã, foi ir para o final da fila, já bastante extensa. "Sempre tem briga, confusão, tudo. É um inferno", reclamou a camareira Lindinalva Soares. "Eu passei só 20 minutos para chegar no ponto de embarque. Aqui tem três empresas atendendo, mas a gente sofre com a falta de ônibus", contou a auxiliar de serviços gerais Abel de Oliveira
O ônibus, lotado, tem trabalhadores que voltam para casa e estudantes que vão para as faculdades depois do trabalho. "A dificuldade é sempre grande para a gente aguentar a viagem", disse a manicure Débora Dias.
A capacidade do coletivo é de 80 - sendo 40 sentadas e 40 em pé, mas o número de passageiros ultrapassa. "É fora da realidade usar um ônibus lotado assim", reclamou o enfermeiro Wellington Virgílio. "Eu pago um preço caro de passagem, mas não tenho segurança, viajo em pé", contou a empregada doméstica Maria José Gomes.
A viagem estava prevista para durar 50 minutos, mas o horário não foi respeitado. "É impossível alguém chegar bem arrumado no trabalho", reclamou a recepcionista Lenice Lira.
Na volta, a reclamação é a mesma. Para muitos, a jornada nem terminou. No fim do dia, muitos estudantes ainda vão para a faculdade. Às 18h35, o primeiro passo é ir lá pro final da fila - uma fila que já está bastante extensa a essa hora, até porque muita gente acaba de sair da estação do metrô.
O ônibus lotado tem trabalhadores que voltam pra casa e estudantes que vão para as faculdades depois do trabalho. “Pego na faculdade às 19h, mas saio de casa às 16h, senão não chego na aula”, disse o estudante Deivson Ferreira.
Os passageiros seguiram reclamando do número de pessoas dentro do ônibus. “A pessoa larga do emprego, sai. Entra no ônibus quase sendo pisoteada”, contou a técnica judiciária Ione Paixão. “Tem dia que a gente fica lá na frente, que não aguenta passar”, contou o cabeleireiro Glauber dos Santos.
Como se não bastassem o aperto e o calor, o barulho dos freios do ônibus também incomoda. É preciso ter muita paciência com o trânsito congestionado. Tem gente que não resiste ao cansaço e dorme no ônibus, e, quem sabe, sonha com a ideia de um caminho livre para o transporte coletivo.
De acordo com os passageiros, neste dia tivemos sorte porque a lotação costuma ser bem maior. “Acho que não cabe nem pensamento. Você paga uma passagem caríssima e fica lotado o ônibus”, reclamou o auxiliar de atendimento Brener Lima.
A garçonete Luciene Brito, com um olhar que revela o cansaço, contou que passou o dia no trabalho e espera o segundo ônibus para chegar até sua casa. “A espera, ainda, é cansativa”, concluiu.
De acordo com a diretora de Operações do Grande Recife, Taciana Ferreira, a linha PE-15/Afogados funciona com 35 veículos, sendo oito estendidos, conhecidos como sanfona. “O intervalo estimado é de cinco minutos, a partir das 5h. No entanto, é preciso verificar, ao longo da viagem, os congestionamentos. Não há nenhum trecho com faixa exclusiva para veículos públicos. A capacidade do veiculo são de 80 lugares, sendo 40 sentados e 40 em pé. A super lotação se dá devido à irregularidade do horário. Para melhorar, três corredores são previstos. Até 2012, é esperado que todos estejam concluídos”, falou.
Fonte: NETV