A eficiência dos corredores exclusivos de ônibus que vão ligar Igarassu a Jaboatão dos Guararapes pelo Norte/Sul e a Avenida Conde da Boa Vista a Camaragibe pelo Leste/Oeste está em risco. O modelo idealizado pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que implantou o sistema de Curitiba, não será exatamente como ele planejou. O projeto sofrerá alterações que podem comprometer a velocidade dos coletivos e a segurança dos usuários. Um dos pré-requisitos para o bom funcionamento do modelo do Transporte Rápido por Ônibus (TRO), além das pistas exclusivas, são as estações de embarque e desembarque no mesmo nível do piso dos ônibus e com pagamento antecipado. É o que se previa. Mas não vai ser bem assim. Não em todo o percurso dos dois corredores.
Entre as mudanças previstas no projeto está o trajeto. O Norte/Sul, por exemplo, encolheu. Não ligará mais Igarassu a Jaboatão dos Guararapes. O fim da linha será a Barão de Souza de Leão. O desvio é um ajuste improvisado uma vez que Jaboatão não está inserida no consórcio de transporte metropolitano. Depois da Domingos Ferreira, os ônibus seguirão pela Barão de Souza de Leão até o Terminal Integrado do Aeroporto. Na Domingos Ferreira, o corredor também sofrerá adaptações. O padrão das estações não poderá ser adotado na via até que o projeto da Via Mangue seja implantado.
"Estamos propondo segregar uma via em um sentido para os ônibus. Mas ainda falta ainda a liberação da Prefeitura do Recife", explicou a coordenadora de planejamento do Grande Recife, Ivana Wanderley. Mas não é só isso. As estações de embarque previstas no projeto de Jaime Lerner, ao longo do corredor, sofrerão mudanças de acordo com os trechos. No Norte/Sul, as estações só vão começar depois do Terminal Pelópidas da Silveira, em Paulista. "De Igarassu a Paulista, os embarques pelo TRO serão feitos nos terminais integrados de Igarassu, Abreu e Lima e Paulista. As outras paradas ao longo da pista vão continuar nomais para as linhas comuns", explicou Ivana Wanderley.
Asparadas "normais" existente hoje no trecho da PE -15 são quase um atentado. Não apenas pelas condições de abrigo, mas também de acesso. Na maioria não há semáforos para a travessia e os motoristas não respeitam a faixa de pedestre. O corredor central é tomado de vegetação por onde o pedestre é obrigado a caminhar até alcançar a parada. "Essas paradas não terão o padrão das estações de embarque, mas serão melhoradas, inclusive com acessibilidade", garantiu a coordenadora do planejamento.
No Leste/Oeste, que inicia na Avenida Conde da Boa Vista, ao contrário do que chegou a anunciar o presidente do Grande Recife, Dílson Peixoto, não haverá adaptação nas condições das paradas a exemplo das estações fechadas com pagamento antecipado. A nova proposta é iniciar a implantação a partir do Derby. "A Avenida Conde da Boa Vista já foi feita pelo município, está pronta. E a tendência, com a implantação do restante dos terminais integrados, é que o número de ônibus no centro reduza, desafogando as paradas", acredita IvanaWanderley.
A implantação há dois anos do corredor exclusivo de ônibus da Avenida Conde da Boa Vista foi uma das obras viárias mais polêmicas na cidade. Uma das maiores críticas dos usuários é quanto a pouca eficiência das paradas de ônibus. "São muito ruins. Tem cadeira. Mas quem senta é capaz de perder o ônibus. Ando sempre de transporte coletivo e inda não vi nada de bom nessa reforma", criticou a técnica em enfermagem Ivanise Oliveira, 63 anos.
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