Pelo projeto apresentado, no local onde hoje está a ferrovia seria construída uma avenida expressa de 12 km para atender à demanda de carros que utilizam diariamente o Minhocão. Para o urbanista, que já participou de vários projetos urbanísticos do poder público em São Paulo, além de cara, a obra privilegia o transporte individual em detrimento do coletivo.
“A obra valoriza o transporte individual, não o coletivo. Seria muito mais efetivo aplicar esse dinheiro na ampliação do metrô. O transporte individual possui uma demanda reprimida: quanto mais obras forem feitas, mais aumentam os carros nas ruas”, afirma Malta Filho, que acompanhou o anúncio do projeto.
Hoje, a prefeitura divulgou apenas as diretrizes e propostas preliminares. Serão contratadas empresas para o desenvolvimento dos projetos sempre a partir das orientações propostas pelo Poder Público, com a participação da sociedade civil, segundo a prefeitura. Os termos de referência do projeto ficarão disponíveis durante um mês para consulta pública.
Os passos incluem a proposta do edital, que também será objeto de consulta pública, a licitação e o desenvolvimento dos projetos. A expectativa é de que os projetos estejam concluídos no segundo semestre de 2011. Os mesmos subsidiarão a elaboração das propostas de lei para essas operações urbanas a serem encaminhadas ao Legislativo, de acordo com a prefeitura.
Outro objetivo do projeto é povoar o entorno da linha férrea, aproximando a população dos postos de trabalho, e valorizar os bairros da região. Contudo, na avaliação de Malta Filho, o custo elevado da obra pode resultar em especulação imobiliária.
“A obra vai atrair novos apartamentos, escritórios, serviços, entre outros. Para arcar com os custos e obter fontes de renda, a prefeitura vai ter que promover a capitalização imobiliária. Isso significa a expulsão das camadas de baixa e média renda e a elitização da região”, afirma.