Novos projetos de transporte trarão mais benefícios a Manaus. Para isso, uma comissão formada por especialistas, técnicos na área e secretarias municipais traça planos para pôr em prática o desafio. A previsão é que os estudos do chamado “pacote de obras” para o transporte na capital esteja pronto no primeiro semestre de 2015.
Além do novo modal - o BRT (Bus Rapid Transit) -, constam no projeto a construção do Terminal (T6) na avenida do Turismo, recuperação do T2 (Cachoeirinha), recuperação de 20 terminais de linhas nos bairros, a construção de outros sete e a reforma de 500 abrigos (paradas).
Ainda fazem parte do projeto a construção de passagens de níveis. Um dos pontos previstos para o projeto está na rua Pará com a avenida Constantino Nery. Há ainda a conclusão da sinalização da “Faixa Azul”, com possibilidade do uso do espaço por taxistas, desde que eles estejam conduzindo passageiros. Outro mote será a conclusão do BRS (Bus Rapid Service), com extensão para a Torquato Tapajós, prevista para o início do ano.
O serviço, atualmente em uso, consiste em faixas exclusivas para ônibus padrão, com controle de acesso dos demais veículos e pagamento dentro do coletivo.
Para o gestor da Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), Pedro Carvalho, a ideia dos projetos é priorizar o transporte coletivo, possibilitando mais fluidez e acessibilidade à população. “As principais cidades do País caminham nessa esfera, de priorizar o transporte coletivo, Manaus não dá mais para ser atendida por um sistema convencional. Portanto, vamos caminhar para a troncalização do setor. Como isso? Ter a linha básica nos corredores como alimentadoras do sistema, com isso vamos proporcionar a acessibilidade das pessoas para andar na cidade”, comentou Carvalho.
Custos
Cada quilômetro do Bus Rapid Transit (BRT) custará aos cofres públicos R$ 15 milhões. Manaus, segundo a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), precisaria de, no mínimo, 50 km do sistema, cujo investimento pode chegar a R$ 750 milhões, somente com infraestrutura. O valor final do projeto pode chegar a quase R$ 1 bilhão. Já o Veículo Leve sobre Pneus (VLP) custaria três vezes mais que o preço do BRT. Algo em torno de R$ 45 milhões por km. O custo para a implementação de metrô em Manaus ficaria entre 200 a 250 milhões de reais o km.
Ligação de vias
Dois novos eixos viários, ligando as zonas Oeste à leste, e a Norte à Sul de Manaus, estão sendo projetados pelo Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização de Trânsito (Manaustrans) para o ano que vem. Segundo o secretário do órgão, Paulo Henrique Martins, “o importante é começar as obras para quando o número de veículos aumentar, as vias sejam concluídas”.
Conforme Martins, o projeto a longo prazo, que faz parte do pacote de intervenções para “desafogar o trânsito em Manaus” terá início da fase de licitações em 2015, para que se conclua até 2020. “A intenção é interligar a avenida dos Franceses, na Zona Oeste, com a das Torres, na Zona Leste. Logo depois, será ligado à Cosme Ferreira. O projeto está sendo trabalhado este ano e vamos dividir as obras em etapa para que apresentemos ao prefeito, definindo assim prioridades e recursos”, disse.
A médio prazo, o pacote apresenta alargamento de um trecho da avenida Efigênio Sales, próximo ao viaduto; e outro que vai da rotatória do Coroado até a Lagoa do Japiim, na Zona Sul.
Nas mudanças a curto prazo, o Manaustrans anunciou que fará alargamentos nas avenidas André Araújo, Rodrigo Otávio e na Umberto Calderaro Filho.
Projetos ainda em fase de estudo
Quanto ao andamento do projeto do novo BRT, o superintendente destaca que sistema é uma tecnologia existente em mais de 140 cidades no mundo, mas que o plano de mobilidade em estudo será vital para definir a tecnologia empregada. “Embora saibamos que o BRT se encaixa em Manaus, há determinados corredores em que precisamos pensar no VLP (Veículo Leve sobre Pneus). Mas independente disso temos que contar com o apoio dos governos federal e estadual para implantar o projeto”, disse Carvalho.
Questionado sobre a demora para implementar o novo sistema de transporte, Pedro Carvalho, destoou que há um projeto básico do BRT Norte e Leste, mas este precisa ser adequado. “O BRT que a gente pensa não pode ter muitas obstruções, o trajeto tem que ser como uma via expressa, para que o sistema não venha parar nos cruzamentos. Podemos usar tecnologia para priorizar o transporte, através de sensores”, explicou o gestor.
Sobre o projeto do monotrilho, antes anunciado pelo Governo do Estado, Carvalho disse que seria um sistema com capacidade de investimento alto, sem contar a tarifa, que poderia custar entre 8 a 10 reais, e, portanto, inviável.
Integração e melhoria da mobilidade
Para o especialista em Planejamento de Transporte José Carlos Xavier, o “Grafite”, que esteve recentemente em Manaus participando das reuniões setoriais com representantes da área de transporte, para auxiliar no Plano de Mobilidade Urbana da capital, implantar um serviço de boa qualidade para o usuário, com integração de tarifas, é fundamental para que se tenha um sistema de transporte público eficiente nas principais capitais brasileiras. Esta foi uma das colocações ponderadas pelo especialista, que também foi secretário do Ministério das Cidades no setor de Mobilidade Urbana.
Grafite sugere estratégias para uma política de mobilidade urbana sustentável, como vincular o planejamento da cidade ao sistema de transportes, priorizando o transporte público coletivo e o não motorizado, com exemplos de aumentos de ciclovias, criação de corredores exclusivos e preferências para os ônibus, com calçadas acessíveis e faixas de pedestres, bem como medidas de racionalização ao uso do automóvel. Ele cita como experiência de sucesso Goiânia, com a criação do Corredor Universitário, com R$ 6 milhões de investimento e 3 km de extensão, implantado pela prefeitura da cidade e que permitiu uma melhoria no fluxo.
Por Naferson Cruz