A faixa preferencial para ônibus da avenida Amazonas foi a primeira a ser implantada na capital, há cerca de 30 anos. Hoje, com o aumento do fluxo de veículos na via, a preferência para os coletivos não é respeitada. Para minimizar o problema, a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) está finalizando um projeto para transformar a faixa preferencial em exclusiva, seguindo a tendência de outras avenidas da cidade, como a Pedro II, que teve o sistema implantado há um mês.
A reportagem de O TEMPO percorreu a avenida no fim da tarde dessa quarta e constatou que o espaço dos coletivos é tomado por carros quando há congestionamento. Por dia, 91 mil veículos circulam na Amazonas e, por hora, no pico, são 475 ônibus na via.
O fato da pista ser apenas preferencial – o motorista não é multado se estiver nela – faz com que muitos optem por trafegar nas faixas da direita junto com os ônibus, onde o trânsito, muitas vezes, flui melhor. Quando o sistema de exclusividade for implantado, a via, que já tem nove radares de controle de velocidade, deve ganhar detectores de invasão de pista exclusiva, que vão multar quem invade a pista dos ônibus.
Em alguns trechos da avenida, há duas pistas preferenciais e em outros apenas uma faixa mais larga. Para os demais veículos, há duas faixas de cada lado. O diretor de Ação Regional e Operação da BHTrans, Edson Amorim, não diz quando haverá a mudança, mas afirma que o projeto está perto da conclusão. Ele explica que a faixa preferencial é a primeira medida tomada para separar os veículos enquanto a quantidade de carros não atrapalha o transporte coletivo.
“Antes, as faixas eram respeitadas. Só quem realmente estava precisando usava, porque ficar no meio dos ônibus era prejuízo. Como o nível de congestionamento aumentou, o ônibus começou a não ter preferência e disputar espaço com os carros. Por isso, precisamos ter a faixa exclusiva”, afirmou Amorim.
Medo. Assim como na avenida Pedro II, a Amazonas é tomada por comércio, muitos com estacionamento. Como aconteceu na via que liga a Pampulha ao centro, os comerciantes da Amazonas temem que as faixas à direita deixem clientes receosos. “Sem dúvida vai nos prejudicar muito. O cliente não vai conseguir entrar na loja se estiver na faixa do meio em horário de pico. E, se entrar antes na faixa, vai ficar com medo de ser multado”, disse Cassiano de Castro, gerente de uma loja de veículos.
A adaptação na Pedro II teve que ser maior porque lá antes se podia estacionar na avenida e não havia nem faixa preferencial, além de ser mais estreita. Mas, de qualquer maneira, as faixas à direita sofrem interferência a todo momento com entrada de veículos nos estabelecimentos, conversões à direita e carros parando para embarque e desembarque de passageiros – é proibido estacionar em toda a Amazonas. Quem vem das ruas transversais só consegue entrar na via pela faixa de ônibus, demorando a fazer a transferência quando o trânsito é intenso.
Para o engenheiro Márcio José de Aguiar, a mudança não vai melhorar a circulação na via. “O sistema não vai funcionar direito por causa das interferências na faixa. Mais uma vez, será uma pista, toda ocupada, sendo adaptada. Vai melhorar no curto prazo, depois o trânsito só vai piorar”.
Radares
Fiscalização. Na avenida Augusto de Lima, dois radares foram instalados na nova pista exclusiva. Um deles foi homologado nessa quarta. A BHTrans ainda vai informar o início da operação de ambos.
Faixas de ônibus na capital
Corredor do Move da avenida Cristiano Machado: 7,36 km de extensão
Corredor do Move nas avenidas Antônio Carlos/ Pedro I/Vilarinho: 14,7 km
Corredor do Move na Santos Dumont e Paraná: 1,34 km
Faixas exclusivas na área hospitalar, nas avenidas Augusto de Lima e Alfredo Balena, ruas Curitiba, Padre Belchior, Goiás e dos Timbiras: 5,73 km
Pista exclusiva da avenida Pedro II: 6 km
Faixa exclusiva na avenida Nossa Senhora do Carmo: 900 metros
Pistas exclusiva do Move no Complexo da Lagoinha (a BHTrans não informou a extensão)
Faixa exclusiva na Cristiano Machado, entre
as avenidas Vilarinho e Sebastião de Brito: 11 km
Faixas preferenciais de segunda a sexta, das 6h às 9h e das 16h às 20h: rua Tupis, entre Paraná e Rio Grande do Sul; avenida Amazonas; avenida dos Andradas e rua Araguari
Projeto para implantar Move no corredor está em estudo
A BHTrans estuda implantar um corredor exclusivo do Move na avenida Amazonas. Hoje, algumas linhas circulam na via, mas a ideia é ter pista de concreto e estações para embarque em nível. Mas o projeto da faixa exclusiva tem sido tocado em paralelo. “O projeto do BRT é outro estudo, que se caracteriza por transporte de alta capacidade circulando”, explicou o diretor Edson Amorim.
Quando o BRT foi planejado, há quatro anos, a primeira opção era usar a Amazonas, na altura do Mercado Central até a praça da Estação. Depois, simulações de trânsito mostraram que o impacto na mobilidade do hipercentro seria muito grande e se optou pelas avenidas Paraná e Santos Dumont. “Acredito que a avenida é muito estreita para implantar corredor no centro dela.
Precisamos de transporte de massa que não interfira no trânsito”, avaliou o engenheiro Márcio Aguiar.
Por Joana Suarez
Informações: O Tempo