Envolto em polêmicas, o projeto para a construção da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro foi em parte detalhado na manhã desta sexta-feira pelo secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, Régis Fichtner. Seis novas estações vão fazer a ligação entre o Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, e a praça General Osório, em Ipanema. O projeto é orçado em R$ 5,6 bilhões. O governo conta com uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para tocar as obras, além de um acordo com investidores franceses. Uma parte não especificada pelo secretário caberá à iniciativa privada.
Contestada pelo Ministério Público (MP) e por associações de moradores da zona sul, a linha foi priorizada em relação aos demais projetos por três motivos, de acordo com Fichtner. Primeiro porque, segundo estudos realizados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido do governo, ela vai atender a 300 mil pessoas diariamente, enquanto o projeto concorrente, que ligaria a Gávea ao Centro através do Jardim Botânico, atenderia 140 mil usuários. De acordo com o mesmo estudo, a Linha 4 vai tirar de circulação cerca de 2 mil carros por hora, enquanto esse valor seria somente de 800 na outra opção. Fichtner também considera a orla da zona sul uma região estratégica para o turismo e para o comércio.
"Infelizmente fizemos pouco metrô nos últimos anos. É claro que gostaria de fazer um metrô como o de Paris, que conectasse todos os lugares. Acho que um dia podemos chegar nisso. Mas o problema é que tenho recursos para fazer uma obra de metrô. Tenho que escolher a minha prioridade", afirmou. Em relação à ação movida pelo MP que contesta licenças ambientais obtidas para a obra, Fichtner disse que o órgão entrou com processo antes de ouvir o governo. "Nós temos as licenças para as obras no trecho Jardim Oceânico-Gávea e na estação General Osório e as obras nesses locais já estão em andamento", disse.
Segundo ele, o processo para ambiental para as estações da zona sul está em andamento e deve ser concluído nos primeiros meses de 2012. A previsão para o início dos testes com a nova linha é dezembro de 2015. Fichtner disse acreditar que até as Olimpíadas a Linha 4 já deva estar em operação regular.
A perfuração dos túneis que vão ligar o Jardim Oceânico até a Gávea estão em andamento. Para o túnel que vai ligar a praça General Osório, em Ipanema, à estação da Gávea, próxima à Pontifícia Universidade Católica (PUC), o governo está adquirindo um equipamento de fabricação alemã, ao custo de aproximadamente R$ 100 milhões. O Shield, ou Tatuzão, como foi apelidado, vai fazer ser montado dentro da estação General Osório e vai fazer a escavação até a Gávea. De acordo com o secretário, o equipamento não causará trepidações no solo. "Os moradores da zona Sul nem vão sentir a passagem do Shield", afirmou.
O governo não anunciou detalhes sobre o fechamento das praças Nossa Senhora da Paz e Antero de Quental, em Ipanema e no Leblon respectivamente, para a construção das estações. Segundo Fichtner, elas devem permanecer interditadas durante as obras, pois as estações precisam ficar prontas antes de o Shield começar a escavar o túnel. Ele garantiu que todas as estações serão subterrâneas, apenas as entradas darão acesso para as ruas. "As praças serão devolvidas à população logo exatamente como eram logo que as obras terminarem", afirmou.
Com a Linha 4 em funcionamento, será possível ir do Jardim Oceânico a Ipanema (General Osório) em 15 minutos. O trajeto leva em média atualmente uma hora através do ônibus de integração do metrô. O trecho completo da Linha 4, Jardim Oceânico-Pavuna poderá ser feito em 1h20 com o metrô em funcionamento. O mesmo trajeto hoje demora em média uma hora a mais.
As estações
Jardim Oceânico: um acesso de cada lado da Avenida Armando Lombardi, altura do Shopping Barra Point;
São Conrado: dois acessos próximos à Rocinha;
Gávea: um acesso na PUC e outro em frente ao Planetário, próximo à rua Marques de São Vicente;
Antero de Quental: um acesso na avenida Bartolomeu Mitre e outro na avenida Ataulfo de Paiva;
Jardim de Alah: dois acessos na Ataulfo de Paiva e outros dois na esquina da avenida Afrânio de Melo Franco;
Nossa Senhora da Paz: um acesso pela Barão da Torre e outro pela rua Visconde de Pirajá;
Estação General Osório: passará a ter duas plataformas de embarque-desembarque.
Trens
De acordo com Fichtner, a partir de 2012, 19 novos trens começam a chegar no Rio. A previsão é de que, além das 19 novas composições, outras 17 cheguem para o início do funcionamento da Linha 4. O intervalo entre a passagem de trens poderá ser diminuído de 6 minutos, atualmente, para 3 minutos. Com isso, o secretário acredita que não vai haver superlotação.