A fachada da estação Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, inaugurada anteontem, é moderna, toda envidraçada e faz parte da chamada "linha futurista" do Metrô, que inclui escadas rolantes inteligentes e trens sem condutor.
Mas o passageiro que sai da mais nova estação da linha amarela se depara com um cenário de abandono.
Bem em frente a ela, as obras do terminal de ônibus previsto pela prefeitura estão paradas desde o ano passado e só devem ser entregues na metade do ano que vem.
A vista para quem chega inclui quatro caçambas cheias de lixo e entulho, vergalhões e estruturas metálicas sobre o concreto rústico, tudo cercado por tapumes.
"Desde novembro não se bate um prego aí" diz Diego Ramos, 28, dono de uma banca de jornal.
Em vez de operários trabalhando, há um vigia solitário para impedir que alguém invada o canteiro de obras.
A reportagem entrou no espaço à procura de engenheiros. Um funcionário que trabalhava num dos escritórios improvisados em casas de madeira não quis falar.
A estação Pinheiros foi inaugurada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ao lado dele, estava o prefeito Gilberto Kassab, responsável pela construção do terminal. Ele não comentou a paralisação dos trabalhos.
A prefeitura informou que a segunda fase da construção está em fase de licitação.
A obra faz parte do programa de revitalização do largo da Batata, que também está parada e cuja entrega já foi adiada várias vezes.
ESTACIONAMENTO
Iniciada em 2007, a revitalização custará cerca de R$ 100 milhões. Em janeiro de 2009, Kassab vistoriou as obras no largo e disse que a entrega ocorreria em 2010.
Além do terminal para 26 linhas de ônibus, haverá um estacionamento com 450 vagas para os usuários.
Enquanto uma passarela que ligará a estação Pinheiros à linha 9 da CPTM não fica pronta, passageiros do metrô que desembarcam ali são obrigados a andar pela rua Capri e contornar todo o canteiro de obras, até chegar à porta da estação de trem.
"A estação nova é uma maravilha, o ruim é dar a volta para chegar ao trem. Ainda mais com este frio", disse o motorista Gledson de Araújo, 31, que mora no Capão Redondo e trabalha na Vila Mariana (zona sul). O Metrô disse que a obra parada não impede o fluxo de passageiros.
OUTRO LADO
A prefeitura disse ontem que a primeira etapa da construção do terminal de ônibus ao lado do metrô já acabou.
Segundo a Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana), a segunda etapa será iniciada no fim da licitação, em andamento, do programa de revitalização do largo da Batata, que inclui o terminal.