O Metrô de São Paulo tem batido recordes de passageiros, o mesmo acontecendo com os trens metropolitanos. Apesar disso, até 600 carros novos são emplacados diariariamente em SP.
Um investimento de R$ 21 bilhões, feito com recursos do Governo do Estado e da Prefeitura, está em curso para expandir e aumentar a qualidade das linhas de Metrô, trens e ônibus urbanos em São Paulo. Os resultados desse esforço de resgate do sistema de transporte coletivo já podem ser medidos. Em novembro, no dia 19, o Metrô bateu seu próprio recorde de passageiros, com 3,71 milhões de pessoas. No mês seguinte, os vagões da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) carregaram no dia 10 o total de 2,23 milhões de pessoas, alcançando a melhor marca do sistema.
Essas marcas, porém, ainda não são suficientes para indicar a reversão de décadas de aposta das autoridades no modelo de transporte individual. De acordo com dados oficiais, o volume de viagens dentro da cidade feitas em carros ainda é maior do que o de realizadas em ônibus.
O total de automóveis registrados em São Paulo chegou a 6,7 milhões em dezembro. "O carro sempre foi um privilegiado nessa cidade" , afirma o ex-diretor do Detran-SP Cyro Vidal. Ele lembra que a construção dos Metrôs de São Paulo, Cidade do México e Nova Delí começou quase simultaneamente, no final dos anos 60. Hoje, São Paulo tem 63 quilômetros de linhas versus cerca de 250 quilômetros de Metrô em cada uma das duas outras cidades. "Lá foi prioridade, aqui teve muita encenação" , critica.
Hoje, a única restrição à circulação de veículos se dá pelo rodízio municipal, que vigora por sete horas, durante um dia útil, de acordo com o final da placa do automóvel. Cresce, porém, o número dos que enxergam na instituição de pedágios urbanos uma alternativa complementar ao atual esforço de equalizar o modelo de transporte individual e coletivo.
Em Londres, a implantação dos pedágios urbanos, que apresentam tarifas mais caras à medida que o carro se aproxima do centro da cidade, tem merecido o apoio do público, aferido em pesquisas. "O problema do pedágio é que, em troca, a população merece receber alternativas de transporte público para seus deslocamentos" , lembra o engenheiro Hugo Marques da Rosa. "Aqui, ainda não temos essa alternativa.
"Apesar dos congestionamentos e problemas viários provocados pelas enchentes, não há chance, no curto prazo, de mudança no modelo de transportes urbanos em São Paulo. Ao mesmo tempo em que se constróem novas linhas de Metrô, se amplia a integração com os trens e se busca mais velocidade e eficiência sobre os trilhos, até 600 carros novos chegam a ser emplacados no Departamento de Trânsito nos dias de maior movimento.
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