O sistema de transporte público de Campinas - que envolve empresas de ônibus e cooperativas de perueiros do sistema alternativo - transporta mensalmente 15 milhões de passageiros, dos quais 11 milhões pagam a tarifa. Os demais utilizam o bilhete único e se beneficiam de gratuidades que englobam idosos e deficientes. O sistema fatura R$ 27 milhões por mês, sendo que 30% das passagens, aproximadamente R$ 6 milhões, são pagas em dinheiro. O restante são créditos comprados pelos usuários em postos instalados na cidade e na sede da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc) e pagos pelas empresas através do vale transporte.Segundo o secretário de transportes de Campinas, Gerson Luis Bittencourt, durante 10 anos no período de 1995 até 2005 todo o sistema era comandado pelos empresários e o poder público não tinha informações em tempo real e as informações corretas para fazer o seu planejamento e consequentemente a fiscalização. A partir de 2005 o poder público passou a comandar o sistema. Em primeiro de maio de 2006 foi implantado o bilhete único, no qual o usuário consegue no período de uma hora utilizar até três viagens ao preço de uma tarifa.Atualmente são feitas diariamente 650 mil viagens através do sistema Intercamp, das quais entre 100 mil e 120 mil não são pagas em função do bilhete único.Todas as informações que saem dos validadores de ônibus e microônibus são enviadas em tempo real para a Transurc e para a Emdec . O sistema Intercamp é operado em 25% por perueiros do sistema alternativo. Com isso, 28% de tudo que é arrecadado com a venda das passagens diariamente é depositado numa conta da Emdec, que repassa para as contas dos perueiros."Nós temos a chave do cofre, ou seja, a Transurc para vender qualquer valor de créditos precisa de uma autorização da Emdec, que libera os créditos através de uma senha para a Transurc fazendo com que o poder público tenha controle de tudo que entra no sistema", explica Bittencourt.No entanto, os empresários de ônibus apontam que a implantação do bilhete único trouxe um desequilíbrio econômico- financeiro para o sistema convencional. Segundo o diretor de Comunicação e Marketing da Transurc, Paulo Barddal, o resultado dessa implantação foi muito superior às expectativas projetadas pelos órgãos públicos. Projetou-se um máximo de 7% de integração dos passageiros pagantes, mas, depois de três anos, esse índice atingiu cerca de 22%. Com isso, Barddal afirma que o sistema é deficitário. "Não apenas por causa da integração, mas também pelos seguintes motivos: altos investimentos em obras estruturais, aumento de frota em razão da maior demanda de passageiros gratuitos e também da contratação de mão de obra, combustível, pneus e outros insumos", diz.As discussões do bilhete único estão focadas atualmente para a integração nas regiões metropolitanas. O sucesso do sistema em São Paulo e em Campinas está sendo discutido no estado entre secretários municipais de transporte e representantes da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e chegou também à Câmara Federal.A comissão especial de transportes da Câmara dos Deputados estuda a possibilidade de implantação do bilhete único nas regiões metropolitanas de todo o País. O relator da Comissão, Deputado Carlos Zarattini (PT-SP), diz que está em discussão a desoneração do transporte. "Nós estamos discutindo retirar os impostos do transporte, não para o empresário ganhar mais, mas para que isso repercuta numa redução de gasto com transporte para a população através da implantação do bilhete único. Em Campinas, a população já economizou em três anos do bilhete único R$ 140 milhões. As empresas também ganharam, pois aumentou o número de passageiros em 15%."
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