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Sem meta para climatizar ônibus, tarifa sobe para R$ 4,30 no Grande Recife

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

O Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) aprovou um reajuste de 4,29% no valor da principal tarifa de ônibus do Grande Recife. O chamado bilhete único, utilizado por 99,18% dos passageiros, subirá de R$ 4,10 para R$ 4,30 a partir do próximo domingo (5). Apesar do aumento, não foram estipuladas metas de renovação e climatização da frota para 2025, o que significa que o passageiro pagará mais caro por um serviço que vem decaindo em qualidade nos últimos anos.

O bilhete único abrange cerca de 200 linhas de ônibus que circulam nos 14 municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR). Essa tarifa foi reajustada com base na inflação acumulada entre janeiro e novembro de 2024, alternativa apontada pela gestão estadual para não repassar totalmente o custo operacional apurado desde janeiro de 2023, mês em que não houve aumento.

Outras tarifas do sistema, entretanto, tiveram reajuste de 7,63%, o que corresponde à inflação acumulada de março de 2023 a novembro de 2024. Foi o caso do anel G, que abrange apenas três linhas e tem cunho social – ele vai passar de 2,70 para R$ 2,90. A tarifa da linha 041-Aeroporto (Opcional) deve subir de R$ 5,15 para R$ 5,50, e as das linhas opcionais de Piedade, Candeias, Gaibu e Curado, de R$ 7,70 para R$ 8,30. Já o serviço de ônibus até a praia de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, que hoje tem valores entre R$ 13,70 e R$ 20,05, deve passar a custar entre R$ 14,75 e R$ 21,55 para os passageiros.

Estado diz que suporta custos com R$ 310 milhões por ano em subsídios

No estudo que embasou o reajuste tarifário de 2025, o Grande Recife Consórcio de Transporte, gestor do sistema, indicou que, se todos os custos fossem repassados para os usuários, a tarifa de ônibus deveria sofrer um aumento de 46,09%, o que elevaria o bilhete único de R$ 4,10 para R$ 6. A diferença entre a tarifa aprovada pelo CSTM e a que deveria vigorar à luz dos argumentos técnicos será arcada pelo poder público, que, segundo o relatório, “entendeu que deveria suportar grande parte de tais custos”.

Em 2023 e 2024, não houve aumento tarifário. Para compensar os custos das empresas operadoras com reajustes em combustíveis, preço de veículos e na folha salarial, o Governo de Pernambuco aumentou os subsídios repassados ao sistema, chegando a R$ 310 milhões este ano. Desse montante, R$ 60 milhões foram necessários após a decisão de implantar o bilhete único, em março. A medida extinguiu o anel B, que custava R$ 5,60, e o unificou com o anel A, que custa R$ 4,10, beneficiando 13% dos usuários, especialmente os que iniciam as viagens em municípios como Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Olinda e Paulista.

O Grande Recife Consórcio de Transporte foi questionado pelo portal Movimento Econômico sobre se haverá necessidade de aumentar novamente os subsídios repassados às empresas de ônibus em 2025, já que o bilhete único foi elevado em patamar inferior à necessidade apontada pelo estudo. O órgão se limitou a responder, em nota, que, “através do esforço contínuo para mudar” um cenário “desafiador” que vem “de muitos anos”, “busca levar aos usuários um menor impacto financeiro”. Disse ainda que a gestão estadual “congelou o valor das passagens sempre que foi possível”, remetendo-se a 2023 e 2024, anos sem reajuste.

Apesar de aumento da passagem, usuário não deve esperar qualidade

A passagem de ônibus vai subir, mas não se traduzirá em melhoria da qualidade. O estudo do Grande Recife Consórcio de Transporte não incluiu na planilha de custos itens como a renovação e a climatização da frota em 2025. Essa prática se intensificou no período da pandemia de Covid-19, quando foi registrada uma redução do número de passageiros devido às restrições sanitárias, mas não foi revista após o fim do período de emergência global, decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano passado.

Atualmente, há ônibus com 12 anos de uso em circulação, apesar de o manual de operações do sistema de transporte prever oito anos de vida útil para veículos do tipo padrão e dez para articulados, utilizados em linhas do sistema BRT Via Livre. Além disso, embora a Lei Estadual 16.787/2019 determine a climatização gradual da frota, a medida não vem sendo cumprida, já que a legislação atrela esse item à previsão de custos nos estudos de realinhamento tarifário, o que novamente não ocorreu na planilha que definiu o aumento que vigorará em 2025.

Informações: Movimento Economico

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