Desde a última segunda-feira (15), o transporte coletivo em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, é gratuito. A medida foi anunciada pela prefeitura junto com a mudança da empresa responsável por operar o sistema.
Essa é a segunda cidade a implantar o tarifa zero: também na segunda-feira, Balneário Piçarras também anunciou a medida.
Segundo Magali Nunes Ignácio, diretora-presidente da BC Trânsito, o principal objetivo da medida é a inclusão social, possibilitando que toda a população tenha acesso ao transporte público de qualidade.
“Além disso, é um incentivo para que as pessoas deixem seus veículos em casa, não impactando o meio ambiente e o trânsito”, afirma Magali.
A tarifa zero será mantida por seis meses. Depois disso, a prefeitura deve reavaliar a política. Depois disso, existe a possibilidade desta política se tornar permanente. É o que um projeto de lei, apresentado na Câmara de Vereadores, também quer.
Para especialista, “mesmo com a tarifa zero, os congestionamentos continuarão”
O professor da Univali, Janio Vicente Rech, doutor em Gestão Territorial, afirma que, “mesmo com a tarifa zero, os congestionamentos continuarão, em razão de não haver faixas exclusivas ou preferenciais para o transporte público”.
“Investimentos realizados nas cidades têm sido direcionados em sua maioria a políticas públicas que favorecem a utilização de mais transportes motorizados, principalmente o individual, gerando grandes congestionamentos, o que tem contribuído na perda da mobilidade. Isto é agravado pela falta de transporte público integrado e de qualidade, assim como da falta de planos de mobilidade integrados”, afirma.
“Algumas ações, como faixas elevadas para pedestres, implantação de ciclofaixas e ciclovias e a eliminação de vagas de estacionamento, como na avenida Atlântica, convergem com diretrizes de mobilidade urbana sustentável e de um modelo de cidade que prioriza as pessoas”, considera.
O professor ainda afirma que, para que o transporte público atraia novos usuários, é necessário que o tempo de deslocamento dos ônibus seja menor que o tempo daqueles que utilizam automóvel. “Com a falta de planejamento regional integrando os municípios de Navegantes, Itajaí, Balneário Camboriú e Camboriú, com população em torno de 545 mil habitantes e frota veicular circulando na região próxima de 440 mil veículos, a mobilidade da população tem se agravado consideravelmente”.
Mobilidade deve ser prioridade
Rech cita outras políticas públicas que podem ajudar a solucionar o problema crônico do trânsito de Balneário Camboriú: Campanhas para que se evite o uso do automóvel e se utilize o transporte ativo para deslocamento urbano, como a caminhada e a bicicleta, minimizariam os frequentes congestionamentos nas principais vias.
“A malha cicloviária na cidade é fundamental para que se garanta a mobilidade, desde que aconteça de forma contínua, criando circuitos que ligue pontos de interesse como escolas, universidades, hospitais, rodoviária, shoppings, praias, trabalho, entre outros. É uma maneira de se minimizar o uso do automóvel como modo de transporte. A solução de parte destes problemas exige a implementação de projetos inovadores com sistemas de transportes intermodais integrados e eficientes e basicamente, vontade política dos gestores municipais”.
Projeto de lei quer tarifa zero permanente
O projeto de lei quer garantir que, depois do término do contrato emergencial com a Transpiedade, a tarifa zero continue sendo uma política pública municipal.
O vereador Eduardo Zanatta (PT) é quem propôs a lei. “Balneário Camboriú se tornou referência, pois é a primeira cidade com mais de 100 mil habitantes em Santa Catarina a ter o sistema de tarifa zero. Apresentamos o projeto “Tarifa Zero é Mais”, pois é isso que a tarifa garante: mais acesso à cidade, mais lazer e mais dinheiro injetado na economia local”, afirma.
Informações: ndmais.com.br
0 comentários:
Postar um comentário