O transporte coletivo de Porto Alegre, que tem circulado com passageiros sentados, em razão do decreto da Prefeitura, acabou criando um problema para os rodoviários. Pela nova determinação, os ônibus somente poderão circular com limite máximo de passageiros sentados, sem ninguém em pé. No entanto, muitos usuários não estão gostando de esperar um longo tempo nas paradas.
Tanto nos veículos da zona Sul quanto nas zonas Leste e Norte, os usuários dos ônibus têm reclamado dos veículos que acabam por não parar nas paradas e da demora para conseguir embarcar.
Dois locais, as paradas da Estrada João de Oliveira Remião, na Lomba do Pinheiro, e os terminais da avenida Salgado Filho, no Centro Histórico, têm chamado a atenção pela grande concentração de pessoas nas paradas, principalmente nos primeiros horários da manhã e no final de tarde.
Motoristas alertam
Os motoristas alertam os usuários para as novas regras. No terminal da Salgado Filho, a auxiliar administrativa Larissa Macedo Antunes, que aguardava o ônibus da linha Menino Deus, afirmou que nos últimos dias percebeu mais passageiros nas paradas. "Os ônibus passam com passageiros sentados e tanto o motorista quanto o cobrador têm feito o sinal de que não vão parar", destacou. Além do limite de passageiros, o decreto da Prefeitura determina que usuários, motoristas e cobradores devem usar máscaras, conforme já vinha sendo orientado.
O presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte (Stetpoa), Sandro Abbade, afirmou que além de não haver nenhum avanço ou qualquer negociação com o sindicato patronal sobre os parcelamentos de salários, as recentes alterações indicadas em decreto municipal "complicaram ainda mais".
"Agora só podemos transportar passageiros sentados, essa decisão para nós, que estamos na ponta e precisamos dizer quem sobe ou não, está bem difícil", definiu Abbade.
Segundo ele, alguns trabalhadores já relataram, inclusive, a ocorrência de enfrentamentos por parte de passageiros dentro de bairros mais afastados da Capital, pois o condutor alerta sobre a lotação máxima e muitas pessoas não querem ficar na parada.
"Tem gente que não quer entender, querem subir no ônibus de qualquer jeito, daqui a pouco começam os dias de chuva e está ficando mais complicado para nós", ressaltou, reforçando que deixar passageiros "na rua" e o trabalhador ter que enfrentar isso tem sido praticamente inviável.
Além dessa situação Abbade reiterou que a categoria aguarda a prorrogação da Medida Provisória 936, do governo Federal, que trata da redução de carga horária e de salário, bem como da complementação dos salários por parte do governo. "Para nós está sendo um ano muito difícil, cada semana entra um decreto novo, esperando uma medida provisória que não sai, os empresários sinalizando uma dificuldade financeira, então está sendo muito difícil pra nós", assinalou.
O próximo movimento do sindicato, segundo Abbade, será a tentativa de agendar uma reunião com o prefeito Nelson Marchezan Júnior. "Precisamos de algum apoio, algum sinal", disse.
Medidas são para seguranças das pessoas
A prefeitura de Porto Alegre informou, em nota, que as medidas adotadas "são para segurança das pessoas". "Compete às empresas de ônibus e seus funcionários cumprirem e fazerem cumprir as determinações legais. O número máximo de passageiros no coletivo sempre foi tarefa da tripulação, tendo agora apenas a diminuição em função da pandemia. Todos os serviços estão com diminuição de atendimento e compete ao prestador tal controle, não sendo diferente nos ônibus. Pedimos a colaboração da população e também da tripulação do transporte público para conter o contágio pelo novo coronavírus".
A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) informou que "orienta a tripulação a controlar, na medida do possível, o acesso de passageiros nos coletivos, atendendo ao decreto municipal. Pedimos também, para que os colaboradores evitem qualquer tipo de confronto com o usuário".
Informações: Correio do Povo
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