A baixa demanda ‘fora do horário de pico’ e o custo de manutenção devido à “buraqueira” nas ruas da cidade foram as justificativas apresentadas pelo diretor do Consórcio Guaicurus, João Rezende Filho, para deixar os veículos articulados na garagem durante parte do dia.
Na manhã desta sexta-feira (26), a equipe de reportagem do Jornal Midiamax encontrou quatro veículos BRTs estacionados na Viação Morena, após a denúncia de leitores. A explicação, de acordo com João Rezende, é "simples". “O transporte coletivo precisa estar em sintonia com o uso, para que não haja desperdício. A demanda é maior no horário de pico, por isso colocamos nesse horário os articulados para rodar. Fora desse horário, é desperdício colocar um ônibus daquele tamanho (mais de 20 metros) para rodar”, afirma.
São 593 ônibus em Campo Grande, destes 38 articulados, sendo 13 BRTs. Os primeiros BRTs chegaram a Capital em 2012, “depois compramos outros em 2013 e 2014. Os BRTs tem mais de 20 metros e custam quase R$ 1 milhão. Todos com idade média de cinco anos. A operação com eles é mais cara mesmo, até porque eles gastam o dobro de gasolina do ônibus normal”. Quanto a denúncia de que os BRTs usam um aditivo especial para diminuir a poluição, Rezende explica: “os veículos mais modernos movidos a diesel usam o Arla, mas não são apenas os articulados, vários outros ônibus de tamanho médio também usam e isso é custo normal”, destaca.
Segundo o diretor, depois do horário de pico da manhã, 40% dos ônibus retornam a garagem. “Isso não é crime. Se a demanda diminuiu, como eu vou colocar veículos para rodarem vazios? Não faz sentido. Dia que chove mesmo, quase não tem passageiro. Tudo quem paga é o usuário. A gente precisa ter responsabilidade com o cidadão, por isso usamos o mínimo necessário”, explica.
Sobre a lotação e demora, Rezende explica no horário de pico. “A entrada e a saída das escolas são no mesmo horário, assim como das empresas. Isso dificulta a trafegabilidade na cidade e por isso, congestiona, ônibus atrasam e consequentemente, alguns ficam mais lotados. Às vezes tem dois ônibus passando junto, um vazio. Por quê? As pessoas querem sempre pegar o primeiro que passa”, cita.
Os 38 articulados se revezam nas linhas troncais, segundo Consórcio Guaicurus, porque é onde o movimento é maior. “De terminal para terminal, a demanda é maior que em bairros, por isso nos bairros quem faz são os ônibus menores, os alimentadores”, explica.
De acordo com o diretor, o Consórcio Guaicurus tem um gasto médio por mês de R$ 12 milhões, sendo R$ 1 milhão em combustível, e emprega 1,8 mil funcionários.
Mobilidade
De acordo com o diretor do Consórcio Guaicurus, o maior problema na Capital é a mobilidade urbana. “Falta uma via específica para ônibus. Temos pedido ajuda para Órgãos de Defesa do Consumidor. Um ofício também foi encaminhado para a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande) pedindo para que seja debatido a falta de trafegabilidade na cidade. É importante buscar soluções para isso”, ressalta.
A falta de faixa e corredor para ônibus, segundo ele, atrapalha o trânsito. “Se tivéssemos mais extensão, o ônibus produzia mais viagens. Se não tem congestionamento, os ônibus transitam mais rápido e conseguem chegar em horário normal. Assim, resolve a causa do problema e não apenas o efeito”, declara.
Ajuda ao usuário
Neste ano, os passageiros de Campo Grande poderão ver mudanças nas rotas e horários de ônibus. “Vamos atualizar uma Pesquisa Origem/Destino para melhor auxiliar os passageiros. Muitos serão entrevistados de onde embarcam, para onde vão. Essas informações vão basear o estudo do que devemos oferecer”, disse.
Um auxílio a quem usa o transporte coletivo todo dia na Capital é o Moovit. O aplicativo traça rotas considerando opções de transporte público. Há avisos quanto ao horário e atraso das linhas.
Por Catarine Sturza
Informações: Portal Midiamax
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