Faltando um ano e sete meses para o fim do seu mandato, o prefeito Fernando Haddad (PT) entregou até agora apenas 20 quilômetros de corredores de ônibus. Isso equivale a apenas 13% dos 150 quilômetros prometidos no Plano de Metas do petista, documento balizador do cumprimento do que foi dito na campanha eleitoral em 2012.
Quando são analisados somente os dados dos corredores em construção, os números também apontam que a gestão municipal caminha a passos largos para não cumprir o prometido. Segundo a SPObras (empresa responsável pelas obras municipais), somente 60 quilômetros estão encaminhados, ou seja, 40% do total dos 150 quilômetros previstos. Setenta quilômetros de corredores sequer começaram.
Somados os espaços exclusivos para os coletivos entregues com os em construção, a Prefeitura ainda precisa tirar do papel quase metade (47%) dos equipamentos prometidos.
Para agravar o quadro, dos quatro equipamentos já entregues, nenhum está totalmente pronto. O que chega mais próximo disso é o Corredor da Inajar de Souza, na Freguesia do Ó, Zona Norte, com 85,6% das obras concluídas.
O corredor M’Boi Mirim, Zona Sul, por exemplo, tem apenas 40% do seu projeto finalizado. O binário de Santo Amaro, na mesma região, 30%.
Boa parte deles vai receber verbas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento Mobilidade), do governo federal. São cerca de R$ 6 bilhões previstos. Questionada sobre eventual atraso dos recursos, a Prefeitura optou pelo silêncio. O governo federal discute um corte no Orçamento que pode superar R$ 70 bilhões.
Além da escassez de caixa, a Prefeitura enfrentou contestações do TCM (Tribunal de Contas do Município), que obrigaram Haddad a republicar edital de preços de cinco dos dez lotes sob competência da SPTrans (empresa que gerencia o transporte público municipal).
Segundo o consultor em engenharia de transporte Horácio Figueira, uma das medidas emergenciais para driblar o atraso é a Prefeitura implantar provisoriamente faixas de ônibus à esquerda das vias, onde são projetados os corredores.
“É melhor optar, de maneira provisória, pelas faixas de ônibus porque são mais baratas.”
Prefeitura revisa projeto das obras
A Prefeitura está revendo os projetos dos corredores de ônibus devido ao grande número de desapropriações envolvidas, “que dificultam e encarecem qualquer obra”, segundo a SPObras. “Considerando todos os corredores, terminais acesso aos terminais, haveria a necessidade de desapropriar mais de cinco mil imóveis. Porém, esse número está sendo revisto”, informou o órgão.
5 mil desapropriações era a previsão inicial da administração
Valor da desapropriação causa medo em dono
Em julho de 2014, o DIÁRIO mostrou que os valores das desapropriações para a construção dos corredores causavam medo nos donos dos imóveis que temem que o preço estipulado pela Justiça seja aquém do de mercado.
NÚMEROS DO ATRASO
4 corredores foram entregues incompletos
R$ 6 bi é o que o PAC deve injetar nas obras
150 quilômetros até 2016 é o prometido por Haddad
20 quilômetros até agora estão totalmente prontos
60 quilômetros estão em construção na cidade
Em dez meses, apenas dois equipamentos foram iniciados
De julho de 2014 até agora, de acordo com a SPObras, foram iniciados somente os corredores Radial Leste 1, com previsão de 12 quilômetros de extensão, e o Leste Itaquera, com previsão de 14 quilômetros. Ambos percorrem a Zona Leste da capital.
“(As obras) Estavam em ritmo reduzido em função dos ajustes econômicos do início do ano”, admite a empresa municipal sobre a falta de funcionários nos canteiros de obras. “As obras estarão retomando o ritmo normal a partir da próxima semana”, completa a resposta.
Ao menos dez endereços de corredores ainda continuam só nos discursos do prefeito Fernando Haddad. Entre eles está o da Avenida Celso Garcia, também na Zona Leste, com 26,5 quilômetros de extensão. Outro corredor que aguarda o início das obras é o da Avenida Aricanduva, na mesma região. O projeto prevê 14 quilômetros de extensão. A SPObras garantiu que os corredores M’Boi Mirim, Berrini, Binário Santo Amaro e Inajar de Souza serão entregues até o fim do ano.
Por: Eduardo Athayde
0 comentários:
Postar um comentário