Responsáveis por transportar 43% dos usuários de ônibus na capital, as cooperativas, obrigadas pela Prefeitura desde o início do ano a se transformarem em empresas, ameaçam deixar a pé quatro milhões de passageiros diariamente.
A advertência, segundo os ex-cooperados, que operam sobretudo os micro-ônibus que circulam pelos bairros e no Centro expandido, é reflexo do acréscimo de despesas decorrentes da alteração jurídica. A categoria afirma que a mudança resultou em aumento de gastos tributários e trabalhistas e isso não foi compensado pelo governo municipal.
Desde 2003, quando foram regularizados na gestão Marta Suplicy (PT), os antigos perueiros recebem repasse da Prefeitura menor do que as empresas convencionais, donas da maior parte dos ônibus de 13 metros e biarticulados.
Da tarifa de R$ 3,50, ficam com R$ 1,71 por passageiro transportado. As empresas tradicionais recebem R$ 2,63 do total da passagem. A categoria pede uma maior fatia desse bolo. A alteração do modelo, de acordo com a SPTrans, é por causa da nova licitação (leia mais ao lado).
Os cooperados cobram da Prefeitura uma diferença que pode chegar a R$ 360 milhões por ano. “Se não houver aumento (do repasse), as novas empresas fecham em menos de seis meses”, disparou o presidente da Federação das Cooperativas do Estado de São Paulo, Paulo Sirqueira Korek.
Ex-cooperados querem uma mudança com transparência
Os ex-cooperados ouvidos pelo DIÁRIO estão esperançosos com a mudança de contrato dos micro-ônibus, que passaram a ser, desde o início do ano, empresas. Na avaliação deles, a alteração pode resultar em ampliação dos direitos trabalhistas e reajuste do piso salarial dos motoristas, passando de R$ 1,5 mil para R$ 2,1 mil, valor recebido pelos condutores das empresas convencionais.
Por outro lado, reclamam de falta de transparência da Prefeitura e de líderes da categoria. Para eles, as decisões são tomadas sem consulta à base. “Essa falta de comunicação abre espaço para comentários negativos que, muitas vezes, não se concretizam”, disse o ex-cooperado Ireno Fernandes Sousa, de 44 anos.
Usuário do transporte, o açougueiro Gelbecier de Lima, 36, usa com frequência os micro-ônibus. Para ele, algumas coisas podem melhorar no serviço como, por exemplo, o excesso de velocidade. “Parece que estão disputando corrida.” Para a técnica em enfermagem Eusania Ribeiro, 40, a demora das linhas irrita. “Precisamos de mais micro-ônibus.”
RESPOSTA DA SPTRANS
Segundo a SPTrans, “a futura remuneração do sistema deverá ser definida ao fim do processo licitatório”. A previsão é de que a licitação ocorra em julho. De acordo com a empresa que gerencia o transporte público na capital, “os contratos atuais para operação dos serviços preveem reajustes anuais, referenciados a uma cesta de índices setoriais. Em 2013, o subsídio representou um dispêndio total, segundo o governo, de R$ 1,2 bilhão, valor que aumentou para R$ 1,7 bilhão em 2014.” Ainda de acordo com a SPTrans, “parte desse aumento deveu-se à regularização da mão de obra das cooperativas”. A Prefeitura contrata os serviços e os remunera com um valor fixo por passageiros transportado”.
Por Eduardo Athayde
Informações: Diário de SP
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