Os usuários do transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia já sentem no bolso as consequências do aumento da passagem. Passageiros ouvidos pelo G1 nesta quarta-feira (18) afirmam que já estão cortando gastos para conseguir pagar o reajuste de R$ 0,50 no valor da tarifa. Muitos se disseram surpreendidos e indignados com a alta, que entrou em vigor no meio do feriado de carnaval, e reclamam, principalmente, da qualidade ruim do transporte coletivo.
Foto: Paula Resende |
A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) alterou o valor da passagem de R$ 2,80 para R$ 3,30, alegando que o governo não cumpriu com o acordo acertado no ano passado de pagar a metade dos custos das passagens gratuitas. Anunciado na véspera do recesso de carnaval, a nova tarifa começou a ser cobrada na segunda-feira (16). Segundo economistas, a elevação no custo do transporte pode impactar, inclusive, nos preço de produtos, como o pão francês.
A consultora Michele Nunes Viana, de 19 anos, conta que se surpreendeu ao comprar a passagem nesta manhã. Apesar de ganhar da empresa que trabalha o vale-transporte, ela também depende de ônibus para passear, resolver pendências e estudar.
Recebendo um salário mínimo por mês, o que corresponde a R$ 788, a jovem afirma que terá de abrir mão de uma refeição por dia para manter sua rotina. “É um absurdo. Vou ter que deixar de lanchar à tarde para pagar a diferença no valor das passagens de ônibus”, afirma.
Quem também está se desdobrando para economizar é Roberto Borges, de 32 anos, que saiu do emprego na última sexta-feira. Desempregado e com a passagem de ônibus mais cara, a saída foi cortar as visitas à namorada, pois é preciso pegar dois ônibus para ir do Setor dos Afonsos, em Aparecida de Goiânia, à residência da jovem, no Parque Atheneu, em Goiânia.
Usuários afirmaram que não se importariam tanto com o aumento se o transporte público tivesse qualidade. “É péssimo, um absurdo esse aumento porque o serviço é da pior qualidade. Aumenta o preço, mas não tem benefício. A gente é transportado como se fosse cachorro”, reclama Roberto.
Sobre a reclamação sobre a qualidade do transporte público, a CMTC informou, por meio de nota, que a população deve encaminhar as denúncias para a sede da companhia, localizada no Setor Leste Universitário, ou pelos telefones da Ouvidoria (0800-646-1851/ 3524-1851).
Justificativas
De acordo com a CMTC, a alta da passagem foi definida após um estudo tarifário, aprovado pela Agência Goiana de Regulação (AGR). A companhia alega que o pacto com o governo foi feito durante as discussões para o último reajuste, ocorrido no dia 3 de maio do ano passado, quando a tarifa passou de R$ 2,70 para R$ 2,80.
Na época, para evitar que a alta fosse ainda maior, o governo do estado anunciou um repasse mensal de R$ 4 milhões para cobrir 50% do custo das passagens gratuitas, que são usuários que têm direito a utilizar o transporte público sem pagar, como idosos, portadores de necessidades especiais e estudantes. No entanto, segundo a CMTC, o governo não fez os aportes.
Outra parte do acordo seria a desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do diesel a partir do mês de maio do ano passado. No entanto, segundo a companhia, o benefício só foi concedido em dezembro, ou seja, sete meses após o previsto.
O órgão ressaltou, ainda, que neste ano a operação do transporte coletivo "receberá o incremento de mil viagens diárias" e as empresas esperam cumprir a meta de colocar 300 veículos novos em circulação.
Procurada, a AGR confirmou, em nota, que recebeu o estudo de aumento da tarifa feito pela CMTC. O órgão resaltou que “compete soberanamente à Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos estabelecer a política pública de regência da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos, sendo, ainda, de sua competência exclusiva, tendo por base estudos e projetos técnicos elaborados pela CMTC”.
Por Paula Resende
Informações: G1 GO
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