Os paulistanos gastaram, no ano passado, R$ 4,510 bilhões com as tarifas de ônibus municipais, mostram dados da São Paulo Transporte (SPTrans) obtidos pela reportagem. Para efeito de comparação, esse valor é maior que o Produto Interno Bruto (PIB) de cidades médias do interior paulista, como Araçatuba e Marília.
O montante diz respeito ao total pago pelas pessoas nas catracas dos coletivos, seja com dinheiro vivo ou por meio dos créditos do bilhete único. Em 2011, os passageiros desembolsaram uma quantia um pouco menor, de R$ 4,502 milhões. A tendência é que, com o aumento da passagem de R$ 3 para R$ 3,20 no último dia 2, esse gasto suba.
"Vai crescer na proporção, indiretamente", afirma o arquiteto e especialista em Transportes Flamínio Fichmann. Ainda de acordo com ele, o aumento só não será tão significativo se o desempenho da economia não for tão bom. "Isso se reflete na mobilidade, porque as pessoas se deslocam menos, seja de ônibus ou de carro."
Em 2009, quando o preço da tarifa era de R$ 2,70, os passageiros gastaram, no total, quase 25% menos do que no ano passado com as passagens de ônibus em São Paulo. Foram R$ 3,474 bilhões arrecadados pela SPTrans.
Nesta sexta-feira, 14, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse que gostaria de não ter aumentado a tarifa e que não há como baixar o valor. "Se eu pudesse não ter dado o reajuste, eu não teria dado."
Marmita. Para muitos trabalhadores paulistanos, o aumento de 20 centavos no preço do bilhete irá prejudicar o orçamento. É o caso do limpador de vidros Paulo Aparecido da Silva, de 43 anos. "Trabalho de segunda a sábado, gastando R$ 6,40 por dia. É muito dinheiro, que faz falta."
Quem depende do Metrô ou da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) também reclama, já que o preço das passagens no sistema sobre trilhos igualmente subiu de R$ 3 para R$ 3,20 no último dia 2.
"Agora, estou tendo que trazer marmita, porque, com o aumento não tenho dinheiro para almoçar", diz o entregador Deividson Pereira da Silva, de 19 anos, que trabalha na capital e mora em Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana.
A auxiliar Maria Madalena Oliveira de Lima, de 42 anos, usa ônibus diariamente e diz ser favorável aos protestos pacíficos pela redução da tarifa. "As pessoas têm direito de se manifestar nas ruas, ainda mais pela qualidade do transporte que temos hoje."
Subsídios. Apesar de os gastos dos paulistanos com a tarifa terem aumentado nos últimos anos, a Prefeitura tem gasto cada vez mais com subsídios às empresas que gerenciam o sistema para manter o preço da passagem. Para este ano, devem ser gastos R$ 1,250 bilhão, segundo Haddad. Em 2012, foram desembolsados R$ 953 milhões.
No ano passado, foram transportados nos ônibus municipais de São Paulo 2,916 bilhões de passageiros, ante 2,940 bilhões em 2011.
Informações: MSN
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