Estrutura inadequada, lixo, insegurança, fossa estourada, postes com luzes queimadas e até falta de água. Estas são situações comuns encontradas nos terminais de transporte coletivo de Maceió. A reportagem do G1 percorreu alguns desses locais e ouviu passageiros, funcionários, motoristas e cobradores.
Nem mesmo o terminal de integração no bairro do Benedito Bentes, que foi construído em um amplo espaço estruturado onde circulam milhares de pessoas, deixou de ser alvo de reclamações. É unânime. Motoristas, cobradores e passageiros denunciam que o local foi abandonado e necessita de reparos para assegurar mais conforto.
"Todo dia tem tumulto, a fila não é organizada. Além disso, à noite é esquisito porque muitas luzes estão queimadas. Isso faz com que os bandidos aproveitem e cometam roubos e furtos. Lá pelas 22h tudo isso aqui fica abandonado", reclamou o vendedor Josivan Alceu Correia, 39, que trabalha há 3 anos no local.
Uma funcionária que pediu para não ser identificada reclama do mau cheiro. "O banheiro só é limpo uma vez ao dia. No fim de semana isso aqui fica entregue às baratas. É um chiqueiro. Eu uso o banheiro ali da rua para não usar esse daqui que só tem um vaso", desabafa.
Motoristas e cobradores cobram um lugar adequado para o horário de descanso. "Não há refeitório nem local para o descanso. Com um bom ambiente de trabalho, nós proporcionaríamos um melhor atendimento a quem procura o transporte público", falou motorista Evandro Oliveira da Silva.
Espaços improvisados
No Conjunto José Tenório, na Serraria, um ponto de ônibus é considerado o terminal. A estrutura foi cercada por madeira, onde fica um funcionário. Ao lado da antiga parada de ônibus, foi colocado um banheiro químico. "Fica até feio para um bairro que está crescendo não ter um local adequado para abrigar os veículos e servir de apoio aos motoristas e cobradores. Não sei como conseguem trabalhar nessas condições", observou a moradora Ana Lúcia Costa.
Mas há lugares em que a situação é ainda pior. O terminal, que antes ficava em uma rua sem calçamento e estrutura, foi removido para um campo de futebol. O presidente da associação comunitária do conjunto, Addison Felipe dos Santos Dantas, informou que a mudança aconteceu porque, em 2011, o proprietário do terreno, que vinha sendo utilizado há mais de 17 anos, pediu o espaço de volta.
"O antigo local já não tinha estrutura porque era em uma rua esburacada, sem abrigo para os passageiros, mas esse campo é mais precário. Sem cobertura e iluminação, a população se vê amedrontada na hora de pegar um ônibus. No inverno a situação fica pior por causa da lama e dos buracos", expôs o líder comunitário.
Sem ter um espaço adequado para a parada dos coletivos, o novo terminal funciona apenas com um pequeno espaço para que um funcionário possa controlar a chegada e saída dos ônibus. Este é o caso do conjunto Village Campestre II.
Dantas disse que muitas pessoas procuram a associação para reclamar. Ele falou que já foram feitos muitos abaixo-assinados, além de reuniões com representantes da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), mas nada foi resolvido. "A antiga gestão da SMTT se comprometeu há mais de um ano em fazer uma obra para melhorar a estrutura, mas nunca tivemos uma resposta. Enquanto isso, a população, que já sofre com outros problemas no bairro, tem que conviver com essa situação", reclamou.
Outro terminal onde a falta estrutura fica evidente é o do bairro Santos Dumont, onde falta iluminação e não existe local adequado para o descanso dos cobradores e motoristas. "Aqui é o nosso canto, mas a estrutura que a prefeitura dá é essa. Como não temos alternativas, permanecemos nessas condições", disse um motorista que pediu para não ser identificado.
Ação civil pública
Na semana passada, o Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou ação civil pública da Justiça do Trabalho, com pedido de liminar, contra a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) e o município de Maceió por irregularidades nos terminais de ônibus da capital.
Segundo o MPT, em alguns terminais não existem instalações físicas, tampouco banheiros, ficando evidente o descumprimento da norma que regulamenta condições sanitárias e de conforto no ambiente de trabalho.
De acordo com o relatório da própria SMTT, foi constatado que não havia condições sanitárias em 25 terminais rodoviários, outros 25 não possuíam sequer estrutura física, e os motoristas e cobradores precisavam se deslocar a algum estabelecimento próximo para utilizar o banheiro.
A assessoria da SMTT explicou que todas as necessidades nos terminais de transporte coletivo estão sendo analisadas. Ainda segundo a assessoria, haverá uma reforma para adequar os locais, mas ainda não existe prazo para que as obras comecem.
Sobre a ação civil pública, a assessoria informou que uma reunião com representantes do MPT estava agendada para sexta-feira (25), mas foi remarcada para a próxima semana.
Por Carolina Sanches
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