Com investimento total orçado em R$ 232,5 milhões, as obras para a Copa do Mundo de 2014, que estão em andamento na Capital, devem ser concluídas até dezembro de 2013. Os trabalhos de reestruturação foram retomados, no último dia 13 de agosto, na Avenida Alberto Craveiro, após retorno dos serviços paralisados com a quebra de contrato com a Construtora Delta.
Mais quatro avenidas passarão por intervenções: Dedé Brasil, Raul Barbosa, Paulino Rocha e Via Expressa. O objetivo é requalificar a integração da principal zona hoteleira de Fortaleza, além do Terminal de Integração da Parangaba e da BR-116, ao estádio Castelão, que sediará os jogos. Os dados foram divulgados, ontem, durante coletiva de imprensa, na Prefeitura, que tratou do andamento e cronograma das obras de mobilidade sob responsabilidade do Município.
Reestruturações
De acordo com o coordenador do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Daniel Lustosa, as obras no entorno no Castelão são as mais importantes, como a da Avenida Alberto Craveiro, cujas obras estão 5% concluídas e seguem até maio de 2013. Elas compreendem implantação do BRT (Bus Rapid Transit) e da ciclovia, além de alargamento, passando a ter 45 metros de largura e quatro faixas por sentido. Serviços de drenagem, pavimentação e sinalização também farão parte das mudanças.
A Avenida Dedé Brasil receberá viadutos nos cruzamentos com as Avenidas Osório de Paiva e Germano Frank, além de serviços de pavimentação e padronização de calçadas e canteiros centrais. As obras devem começar neste mês. Já na Avenida Paulino Rocha, também a partir de setembro, será construído um túnel no cruzamento com as avenidas Alberto Craveiro e Dedé Brasil, mantendo-se a rotatória. A previsão é de que a reforma esteja pronta em maio de 2013.
Atrasos
Obras na Via Expressa também estão previstas, porém, já estão atrasadas devido aos processos de desapropriação dos imóveis e terrenos no local, que ainda não aconteceram e são de responsabilidade do governo do Estado, de acordo com o com o titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura (Seinf), Luciano Feijão. "O fator principal para viabilizar a construção dos túneis na Via Expressa são as desapropriações, cuja responsabilidade, na Via Expressa, não é da Prefeitura e, sim, do Estado. Portanto, não temos responsabilidade nenhuma no atraso das obras no local", afirmou o Secretário.
Segundo Luciano Feijão, as desapropriações por parte do Estado deveriam ter sido iniciadas em julho, mas, até o momento, não começaram. "Não aceitamos ser culpados pelo atraso ocasionado por uma responsabilidade que não é nossa", ressaltou. O secretário afirmou compreender que todo o processo de desapropriação não é simples, sendo necessário paciência e diálogo, porém, os prazos devem ser respeitados. Ainda de acordo com o gestor, a construtora responsável pelos túneis está contratada e pronta para iniciar as obras no local. A Prefeitura também informou que procurou o governo do Estado, por meio de um ofício no último dia 13, mas não obteve retorno.
Na Via Expressa deverão ser construídos quatro túneis, três deles, nos cruzamentos com as avenidas Santos Dumont, Padre Antônio Tomás e Alberto Sá. O quarto túnel será na própria Via Expressa, no trecho entre as Avenidas Padre Antônio Tomás e Santos Dumont.
Sem data
Conforme a assessoria de imprensa da Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra), as áreas dos túneis e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), na Via Expressa, não foram desapropriadas e não possuem datas previstas. O local por onde passará o VLT só será desapropriado quando for concluída a construção do condomínio Cidade Jardim, no José Walter, para onde as pessoas deverão ser levadas.
Mudanças
45 metros deve passar a ter a Avenida Alberto Craveiro após o alargamento. A via também vai ganhar faixa prioritária de ônibus e quatro faixas por sentido
Falta de política sustentável de mobilidade preocupa
Sair de casa para ir ao trabalho, médico, deixar o filho na escola ou mesmo para se divertir virou um tormento nas grandes capitais diante da grande quantidade de carros circulando nas vias. Em Fortaleza, a situação não é diferente, e a ausência de uma política sustentável que envolva mobilidade urbana, educação e saúde preocupa entidades que temem por problemas nas cidades sedes da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016.
O problema foi debatido, ontem, no auditório do Instituto Federal do Ceará (IFCE), durante o seminário "Copa, Olimpíadas e Eleições: Qual é o legado para a sua cidade"? O evento contou com a presença de representantes da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis (RSBCJS), Istituto Ethos, candidatos a Prefeitura de Fortaleza e diversas instituições que discutem a sustentabilidade.
No encontro, foram divulgados 12 eixos da Plataforma Cidades Sustentáveis. Segundo Naia Oliveira, coordenadora da entidade S.O.S Clima Terra, seção Ceará, a proposta é unir forças através do Movimento Nossa Fortaleza para fiscalizar a prática dos eixos sustentáveis.
De acordo com ela, a diminuição de gases poluentes na atmosfera está diretamente ligada a um projeto de mobilidade urbana sustentável, e Fortaleza não possui essa prática definida atualmente.
"É necessário informar melhor as pessoas o que está acontecendo com o nosso planeta e oferecer a elas opções sustentáveis para locomoverem-se. A utilização de uma energia limpa já é um bom começo para uma cidade sustentável", diz Naia.
O gerente executivo de mobilização do Instituto Ethos, Emílio Martos, diz que as entidades estão aproveitando o período eleitoral para reunir os candidatos para propor três pactos: cidades sustentáveis que ofereçam qualidade de vida, a transparência na execução de orçamentos e o pacto pelo esporte nas cidades.
Locomoção
Para ele, a maioria das cidades brasileiras está longe de se tornar sustentável, pois as pessoas não conseguem se locomover adequadamente. O cidadão vive com uma qualidade de vida precária, e os grandes centros passam por um apagão de mão de obra devido à falta de investimento em educação.
Conforme Martos, a RSBCJS desenvolveu 12 eixos temáticos com indicadores e os oferece para os que gestores públicos comecem a refletir. Ele acrescenta que uma cidade sustentável é aquela onde o cidadão consegue se deslocar até o seu destino final em 15 minutos. "Para que isso aconteça, a indústria automobilística tem que passar a ser uma indústria de mobilidade e pensar em outras formas de transporte urbano. Esse é o grande desafio".
Conforme Maurício Broiniz Pereira, diretor executivo do Programa Cidades Sustentáveis da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, uma mobilidade sustentável significa a forma como a cidade se organiza levando o menor tempo possível. Segundo ele, nas cidades do mundo onde houve avanço neste sentido a única solução foi o transporte coletivo.
Por Lívia Lopes / Diário do Nordeste
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