A greve dos rodoviários deixou a capital federal sem ônibus hoje (5) e causou transtornos à população desde o início da manhã. Quem depende do transporte coletivo teve muita dificuldade para se locomover na cidade, pois a paralisação retirou das ruas quase todos os veículos das empresas.
Os rodoviários exigem reajuste de 7,88% nos salários a partir de maio deste ano, conforme acordo assinado com as empresas no ano passado. Para amenizar a situação, o metrô começou a funcionar uma hora e meia mais cedo que o habitual, às 5h30, mas o problema dos usuários foi conseguir chegar às estações, devido a falta dos ônibus.
Nas estações do metrô, o movimento foi bem maior nas primeiras horas do dia e depois diminuiu, permitindo o embarque dos passageiros sem problemas, apesar do grande número de pessoas nas plataformas. O trânsito foi menor em muitos pontos da cidade sem os ônibus, como no centro de Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal (DF), onde há congestionamentos diários.
Na Estação da Praça do Relógio, no centro de Taguatinga, a comerciária Amanda Andrade esperava o metrô para ir trabalhar no Setor Comercial Sul, bairro distante da região e localizado no centro de Brasília, e se queixava da dificuldade que teve no trajeto até a estação. “Como não tinha ônibus, recorri ao transporte pirata, mas o Detran [Departamento de Trânsito] flagrou a van e fez todo mundo descer. O pior é que não obrigou o motorista a devolver o dinheiro da passagem”.
Outra passageira no metrô era a universitária Jurema Fonseca, que também recorreu ao transporte irregular para chegar até a estação e reclamava da falta de ônibus. Ela estuda em uma faculdade, no bairro de Águas Claras, e já estava atrasada para um compromisso.
Na mesma estação de metrô, a comerciante Neuza Martins aguardava o trem para ir à Rodoviária do Plano Piloto, no centro da capital, para tentar chegar de táxi até outro ponto da cidade, na Avenida L2 Sul, onde trabalha. Segundo ela, a linha de ônibus que ligava esses dois pontos foi cancelada, porque a empresa alegou “falta de passageiros”.
Em Santa Maria, bairro situado a cerca de 25 quilômetros do centro da capital, muita gente esperava por um ônibus nas paradas, como a atendente Dayana Cristina Souza Araújo, 20 anos."Estou aguardando há mais de duas horas, mas os poucos ônibus circulando estão superlotados, não cabe mais ninguém. Ninguém estava preparado para essa paralisação. Fiquei sabendo por amigos. Eu estou indo trabalhar e me falaram que não importa a hora que eu chegue, tenho que estar lá hoje. É injusto. O caos de hoje já dá para imaginar como será se os ônibus pararem de circular por mais tempo”, disse.
Fonte: Exame Abril
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