No terceiro dia de greve de motoristas e cobradores, os sindicatos dos
Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro) e das
Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) foram
convocados pelo Ministério Público, por meio da Procuradoria Regional do
Trabalho (PRT - 7ª Região-CE), para uma reunião, hoje, às 10h30, na sede do
órgão.
No encontro, os sindicalistas representantes da classe patronal e laboral vão
ser ouvidos pelo procurador Francisco Gérson Marques de Lima sobre as
negociações que já realizaram e propostas serão discutidas. O procurador vai se
fundamentar para trabalhar no ajuizamento do dissídio coletivo da categoria.
Gérson Marques poderá, posteriormente, apresentar uma sugestão de acordo que
venha acabar com o impasse.
Abusividade
Além
disso, a presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT/CE),
desembargadora Roseli Alencar, negou, ontem, em despacho, o pedido feito pelo
Sindiônibus para que a greve fosse considerada abusiva. Também de acordo com o
documento, a decisão sobre a legalidade ou não da greve deve ser tomada pelo
colegiado de desembargadores do TRT/CE.
Com isso, esse processo foi
anexado àquele em que será decidido o percentual de reajuste salarial e outras
cláusulas econômicas e sociais debatidas na convenção coletiva. A audiência está
marcada para a próxima quinta-feira, dia 28 de junho.
O Sindiônibus
informou, em nota, que a desembargadora negou somente a antecipação de tutela,
deixando "a decisão sobre a legalidade ou não para o colegiado de
desembargadores". Por sua vez, o Sintro afirmou só se pronunciar sobre o assunto
após reunião da diretoria da
entidade.
Prejuízos
O Sindiônibus informou,
também ontem, que os prejuízos gerados pela greve dos motoristas e cobradores de
ônibus de Fortaleza já somam R$ 2,8 milhões.
Ainda de acordo com o
sindicato patronal, as despesas com depredações somam R$ 450 mil e, com a
arrecadação, R$ 2,4 milhões.
A paralisação, ontem, na cidade, constou de
ações rápidas de abandonos de veículos durante percursos. Nas avenidas de grande
fluxo de coletivos, como Bezerra de Menezes, Domingos Olímpio, Duque de Caxias,
Tristão Gonçalves, Imperador, da Universidade e nas ruas Meton de Alencar,
General Clarindo de Queiroz, Antônio Pompeu e 24 de Maio, os transtornos ficaram
por conta do congestionamento devido à obstrução dessas vias por mais de 20
ônibus que tiveram pneus esvaziados.
Bloqueio
Na
parte da manhã, o Terminal do Siqueira foi bloqueado pelos grevistas, mas a ação
durou pouco mais de uma hora. Na Avenida Osório de Paiva, outros 17 veículos
estavam parados pelo mesmo motivo.
Diante disso, a população era obrigada
a descer dos coletivos e caminhar para tentar apanhar os poucos transportes
alternativos ou seguir a pé.
As empresas da Capital e da região
metropolitana resolveram, ontem, tentar escapar da ação dos motoristas e
trocadores, que consiste em esvaziar os pneus dos coletivos. Para tanto,
modificaram os percursos e locais de concentrações de suas paradas para embarque
e desembarque. Os ônibus das linhas Parangaba em direção ao Papicu mudaram
trajeto, assim como os de Caucaia que estavam fazendo seu embarque e desembarque
próximo ao Marina Park
Hotel.
Frota
Segundo dados da
Empresa de Transportes Urbanos de Fortaleza (Etufor), ontem, de 7h às 8h, 75,13%
da frota rodaram. De 11h às 12h, 79,35% circularam, enquanto de 18h às 19h, 65%
estavam nas ruas. A determinação do TRT fixou a frota circulante, nos horários
de pico, em 70% e em 50%, no entre
pico.
Balanço
2,8 milhões de reais é a quantia
alegada pelo Sindiônibus como prejuízo que contabilizam nesses três dias de
greve dos motoristas e cobradores da Capital
Transtornos diminuem
no terceiro dia de greve
A greve dos motoristas e cobradores de
ônibus não trouxe tantos transtornos aos passageiros da cidade ontem. Nos
terminais de Fortaleza, o fluxo estava praticamente normal. Apenas em algumas
vias do Centro houve engarrafamentos causados pela paralisação dos
trabalhadores.
Na Avenida Padre Ibiapina, por exemplo, onde funciona o
fim da linha do Circular I e II, grevistas secaram ou furaram pneus de dezenas
de ônibus logo no início da manhã. O enfileiramento dos veículos nos dois
sentidos da via deixou o trânsito complicado.
Vários passageiros foram
"abandonados" no meio do caminho pelos motoristas, que paravam antes de
completar o itinerário e precisaram se proteger da chuva, que também atrapalhou
a troca dos pneus danificados, serviço feito por mecânicos das empresas de
ônibus.
"Estou nessa parada há duas horas. Fiquei no meio do caminho. Os
ônibus vêm e param", afirma a chefe de produção Meire Sales, 44, que mora no
Centro e trabalha no bairro de Fátima.
No Centro, a opinião que
prevalecia entre motoristas e cobradores era a de que a categoria para assim que
o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará
(Sindiônibus) oferecer reajuste de 10%. Por outro lado, eles temem que o caso
siga para o julgamento de dissídio
coletivo.
Terminais
Nos terminais, grande parte
dos passageiros acordaram mais cedo, pensando que a situação estaria como nos
dois primeiros dias de greve. Ficaram aliviados quando viram vários
ônibus.
O pintor João Paulo Vasconcelos, 32, mora no bairro Monte Castelo
e trabalha no Henrique Jorge. Começa o expediente às 8h, mas, ontem, às 6h, já
estava no terminal para não chegar atrasado. Aproveitou para tomar um café e
esperar um ônibus mais vago. "Na quinta-feira, tive de pegar uma topique e desci
em um local muito longe. Andei mais de meia hora para chegar ao trabalho",
lembra.
Fonte: Diário do Nordeste
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