Se a frota de veículos para transporte coletivo em Teresina já parece saturada para o público em geral, o espaço destinado às pessoas com deficiência, especialmente aos cadeirantes, é ainda mais reduzido. Os ônibus adaptados respondem por apenas 20% da frota total do Setut, o que corresponde a cerca de 100 ônibus que circulam por toda a Teresina. Se depender de um ônibus não adaptado, fica praticamente impossível para um cadeirante entrar no coletivo. Mas mesmo os veículos que contam com a adaptação são alvo de críticas de usuários.
A promotora Marluce Evaristo, que atua no Centro de Apoio Operacional de Defesa da Pessoa com Deficiência, defende que a forma de adaptação adotada pelos coletivos de Teresina não é a melhor opção dentre as alternativas possíveis. Hoje, os ônibus adaptados contam com uma plataforma elevatória que é deslocada para fora do ônibus, onde a cadeira de rodas é colocada para que a plataforma retorne para o interior do veículo. "Essa plataforma elevatória é o pior tipo de acessibilidade para coletivos. O mais indicado é o ônibus que já seja projetado com o piso mais baixo, que iguale com a rampa e a pessoa já entra do ponto de ônibus diretamente no veículo. Ele serve não só para cadeirantes, como para pessoas com muletas, idosos, obesos, enfim, garante acessibilidade para todas as pessoas", afirma Marluce.
Além da frota de ônibus adaptados, em Teresina as pessoas com deficiência que precisam do serviço público para se deslocar pela cidade também contam com o projeto Transporte Eficiente, viabilizado pela PMT através da Secretaria Municipal do Trabalho Cidadania e Assistência Social (Semtcas) e da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (Strans). Para receber o serviço, os interessados precisam se cadastrar em um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), a partir de então um ônibus passa a buscar e deixar o usuário em casa, juntamente com um acompanhante, de acordo com horários pré-estabelecidos.
Mas o que era para ser uma solução, tem se tornado uma dor de cabeça para os usuários do serviço. "A frota tem poucos ônibus e muitos deles já estão sucateados. Eles quebram com freqüência e deixam os usuários na mão", afirma Silvana Miranda, presidente da Associação dos Cadeirantes de Teresina. A associação que ela preside ajuda a coordenar a agenda do Transporte Eficiente. São mais de 800 usuários cadastrados para utilizar o serviço, que efetivamente só atende a cerca de 250, segundo Silvana.
Para a promotora Marluce Evaristo, o serviço deveria ganhar outro nome. "Deveria se chamar transporte ineficiente. É um serviço cheio de problemas, com poucos veículos, sem uma fonte definida no orçamento municipal para custear seus gastos e sem previsão de renovação da frota. Também não há equipamentos de segurança dentro de alguns veículos, o que é um risco para os usuários", afirma Marluce. Cadeirante, João Batista Soares tem buscado outras alternativas para ir à fisioterapia por conta das repetidas quebras de ônibus do serviço Transporte Eficiente. "Tive que apelar para meu irmão, que tinha carro. Mas quando ele não está disponível, preciso faltar na fisioterapia quando o problema com os carros acontece", afirma João.
A Strans admite que as quebras de veículos acontecem e que enfrenta dificuldades para renovar a frota. Hoje, são sete carros que realizam o serviço, três microônibus e quatro vans. "Quando o carro quebra, nós colocamos para consertar. É o que podemos fazer. Esse é um projeto que veio da gestão anterior e necessita de um melhor planejamento", afirma Alzenir Porto, superintendente da Strans.
Fonte: Portalodia.com
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