Um levantamento realizado pela Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) informou que dos pouco mais de 1,5 mil ônibus cadastrados como parte da frota da cidade, 328 possuem mais de dez anos de uso - 21,8% da frota -, idade máxima exigida no contrato firmado em 2007 entre a Transmanaus e a Prefeitura de Manaus.
O levantamento revela que o consórcio mantém ônibus com carroceria fabricada em 1990. As constantes panes mecânicas e acidentes envolvendo os ônibus, como o ocorrido na noite da última segunda-feira, 4, quando um veículo da linha 650 bateu em cinco imóveis no Coroado, Zona Leste da cidade, e deixou três pessoas mortas. O coletivo tinha nove anos de uso.
De acordo com as informações da SMTU, a maioria dos ônibus com mais de dez anos de uso é da empresa São José, antiga Vitória Régia, a qual pertence o ônibus envolvido no acidente. No total, 216 ônibus desta empresa estão com mais de dez anos em circulação.
A empresa Transamazônia, antiga União Cascavel, que atende a Zona Norte de Manaus, está com 98 ônibus circulando nessas condições. O levando especifica, ainda, que do ano de 2011 apenas a empresa Regional tem 20 ônibus cadastrados na frota.
Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Amazonas, Josildo Oliveira, mesmo que haja manutenção periódica dos veículos, o que o sindicato não tem garantias, manter ônibus com mais de dez anos em circulação é uma falta de respeito com a população.
“Por mais que tenha manutenção correta, o ônibus fica muito desgastado e o resultado é isso que estamos vendo: ônibus no prego todos os dias e tragédias como essas. Deixar esses ônibus circulando é uma falta de respeito. A prefeitura precisa fiscalizar”, afirmou.
Exigências
Josildo explicou que mesmo que a categoria organize greves e inclua nas exigências as manutenções e renovação da frota, os trabalhadores não teriam como forçar os empresários a realizar as atividades. “A prefeitura é que deveria exigir, fiscalizar se as empresas fazem manutenção, afinal é ela que deve ter compromisso com o povo”, apontou Josildo.
Panes semanais
O professor Rosenildo Albuquerque, 42, morador da Zona Leste, relatou que quase toda semana o ônibus que ele pega para ir trabalhar paralisa a viagem por pane mecânica. “Não temos mais o que fazer, a população está sofrendo muito. Eles dizem que irão colocar ônibus novos, mas até que isso aconteça vamos ficar sofrendo, com ônibus caindo aos pedaços”, disse.
De acordo com a costureira Maria Emiliana dos Santos, 48, que mora na Cidade Nova, Zona Norte, diariamente a população arrisca a vida andando nos ônibus da atual frota. “Um dia desses entrei em um ônibus com problemas no freio, e eu vi o motorista controlando a velocidade com o freio de mão. Não podemos mais viver desse jeito.”
Fonte: A Critica
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