A licitação dos ônibus é apontada pela Secretaria municipal de Transportes como um marco da melhoria da mobilidade no Rio. O transporte público passa a ser operado por apenas quatro consórcios, cada um responsável por uma região. Sem a disputa das empresas por passageiros, a expectativa é que as linhas (hoje são 453) sejam racionalizadas, possibilitando redução do número de ônibus em regiões saturadas, como a Zona Sul, e o aumento da oferta em áreas mal atendidas, como a Zona Oeste. Com isso, estima-se que seja possível reduzir a frota em pelo menos 10% (atualmente são oito mil ônibus).
Caberá também aos consórcios operar os BRTs, que terão 600 ônibus articulados, como anunciou o presidente do Rio Ônibus (sindicato das empresas), Lélis Teixeira. Segundo ele, com a infraestrutura dada pelo município, será finalmente possível melhorar o serviço prestado. A prefeitura, por sua vez, garante fiscalização firme sobre as operadoras, com base no novo Código Disciplinar dos Ônibus, e direcionada às linhas com mais reclamações. O secretário de Transportes, Alexandre Sansão, diz que as mudanças começarão a ser notadas em 30 de outubro, com o início do bilhete único municipal, e em janeiro, com a implantação de corredores de ônibus em Copacabana e Santa Cruz.
- Projetos largados na gaveta por governos anteriores e outros preparados por nós estão sendo postos em prática. Eles causarão uma transformação no Rio, que terá um sistema inteligente de trânsito - promete Sansão.
Professor de engenharia de transportes da Coppe/UFRJ, Ronaldo Balassiano diz que a reordenação do transporte pela prefeitura é bem-vinda. Ele considera o BRT uma alternativa eficiente, mas faz uma ressalva: de nada adiantará o investimento, se não houver mudança de comportamento da população:
- É preciso um trabalho de conscientização. As pessoas têm que ser convencidas de que será vantajoso deixar o carro em casa e usar o transporte público. Do contrário, ocorrerá como na África do Sul. Lá, inauguraram um BRT para a Copa, mas não houve divulgação e faltaram passageiros. Nem a população, nem os turistas sabiam usá-lo - diz Balassiano, alertando ainda para a importância da integração dos BRTs com os demais meios de transporte e outros serviços, como o comércio.
Outros projetos para melhorar o transporte público antes das Olimpíadas dependem da inauguração, prevista para dezembro de 2015, da Linha 4 do metrô (Zona Sul-Barra). Já as linhas 1 e 2 receberão, entre 2011 e 2012, os 19 novos trens comprados da China. E a SuperVia aguarda a chegada, a partir do ano que vem, do primeiro lote do total de 30 trens encomendados também da China. Mais 60 serão licitados.
Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil e conselheiro do Rio Como Vamos, o urbanista Sérgio Magalhães afirma que a revitalização do sistema de trens é fundamental para o transporte de massa na Região Metropolitana. Ele diz que é necessário investir na melhoria das estações e na transformação do trem em metrô de superfície.
Fonte: O Globo
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