A Prefeitura de Natal autorizou a utilização da bilhetagem eletrônica nos alternativos que rodam na capital, mas não determinou a integração de opcionais e ônibus – que já usam a bilhetagem – em um mesmo e único sistema. A manutenção de sistemas diferenciados acabou gerando mais frustração que comemorações entre os permissionários.
Edileuza Queiroz, presidente do Sindicato dos Permissionários do RN (Sitoparn), avalia a medida como “um avanço no sistema de transporte, mas não vai funcionar se o sistema não for integrado à bilhetagem dos ônibus”. Os custos da implantação de um sistema próprio para gerenciar a bilhetagem eletrônica, segundo ela, inviabiliza financeiramente a atividade dos alternativos.
“Essa era uma luta antiga da categoria, é um sonho realizado. Mas essa etapa é só o começo da luta que virá. A homologação nos diz que estamos aptos, então não tem mais porque não fazer o sistema integrado com ônibus”, disse Edileuza. Cada permissionário investiu R$ 26 mil para adotar a mesma tecnologia de bilhetagem dos ônibus, realizada pela empresa Fugitec, com a intenção de adotar o sistema unificado de cartões. A instalação do sistema de gerenciamento custaria milhões e o montante do investimento é, ao mesmo tempo, reclamação dos permissionários para a integração e argumento para que os empresários de ônibus se recusem a compartilhar o sistema existente.
O secretário municipal de Mobilidade Urbana (Semob), Renato Fernandes, reconhece que a integração da bilhetagem entre ônibus e alternativos “ainda terá que ser discutida”. “Desde quando se implantou a BE para o transporte coletivo ela atingiu o sucesso esperado e quem não estava utilizando queria também utilizar. Mas não depende só da Semob. Precisamos saber se a tecnologia contempla as exigências da regulamentação”.
Edileuza Queiroz rebate que os testes com 50 cartões já foram realizados, de 13 a 20 de maio, pelos fiscais da Semob e que não há motivos para prorrogar o debate da integração. “Hoje são 55 veículos parados, doidos para voltar a trabalhar. Com a bilhetagem, dentro de três meses teríamos 60 veículos novos para atender à população”.
Segundo a sindicalista, antes do Sindicato das Empresas de Ônibus de Natal (Seturn) iniciar a BE, cada alternativo transportava entre 500 a 600 passageiros por dia. Hoje, em um dia produtivo, um veículo consegue de 200 a 250 pessoas. “Quando botamos na caneta, é pouco para honrar os compromissos”, disse.
Há ainda pontos exclusivos de alternativos, que segundo ela, acabam prejudicando a população que conta com o cartão eletrônico para se locomover. É o caso do estudante Josivaldo Tibúrcio, que mora em Cidade Satélite. Ele conta que quando precisa ir ao Hospital Papi, na Avenida Afonso Pena, tem de escolher entre usar o ônibus e caminhar a pé da Avenida Hermes da Fonseca, ou desembolsar dinheiro para pagar o alternativo, que passa na rua em frente ao Hospital. “Se for unificado, os opcionais ganham, mas a população também. Quero poder usar o vale estudantil eletrônico nos dois”.
O presidente do Sindicato dos Operadores de Alternativos do RN (Astoern), Milklei Leite, disse que a homologação é apenas um pequeno passo, frente às dificuldades que os trabalhadores do setor vêm enfrentando devido à crise no sistema.
“Hoje há 350 trabalhadores desempregados, por causa dos 55 carros parados. Além disso, temos 30 veículos com operadores dobrando o turno porque o permissionário não consegue pagar mais funcionários, o que tira a vaga de outros”, diz ele, que garante o retorno dos ex-funcionários se a bilhetagem for integrada.
Fonte: Tribuna do Norte
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