Blumenau não foge à estrutura urbana de outras cidades brasileiras, verticalizando a ocupação de seu espaço central e de outros polos suburbanos – uma realidade em franca expansão. Isso implica crescente densidade de transporte urbano.
O município possui perto de 200 mil veículos motores licenciados que, colocados juntos em condição de tráfego parado com um pequeno espaço livre ao seu redor ocupariam aproximadamente 2 milhões de metros quadrados, cerca de 35 vezes o espaço da Rua 7 de Setembro de ponta a ponta. Em movimento, com uma distância maior entre eles, esse espaço passaria a ser, no mínimo, o dobro. Obviamente nem todos os veículos registrados na cidade estão na rua ao mesmo tempo, em compensação rodam aqui dezenas de milhares de veículos de outros municípios. Esse é o tamanho da causa do nosso caos de trânsito urbano.
Aparentemente está se fortalecendo a compreensão da necessidade de um transporte coletivo mais eficiente como solução para o problema presente – e fatalmente maior no futuro. Dessa convicção resulta a projetada implementação de corredores exclusivos para ônibus na cidade.
A pergunta que se impõe: por que ônibus, de baixo grau de eficiência e elevado custo por passageiro transportado (carga útil do ônibus articulado: aproximadamente 40% do peso bruto), além de aspectos como poluição material, sonora e do ambiente, se existe o moderníssimo sistema por VLT (veículos leves sobre trilhos) já operando em cidades de todo o mundo e funcionando em Cariri, no Ceará.
Tratam-se de composições de transporte de passageiros sobre trilhos com equipamento e infra-estrutura mais “leve” que os usados em sistemas de metrô de superfície. Acionadas a energia elétrica ou diesel, a capacidade de transporte gira em torno de 350 passageiros por composição, dependendo do modelo e fabricante (aproximadamente o dobro da capacidade do ônibus articulado).
Além de tecnologia de última geração, apresentam um aspecto de elevado nível estético. Especificamente no caso de Blumenau, já existe uma rede de terminais para coletivos urbanos que, num primeiro estágio, poderia ser gradativamente interligada por VLTs.
O que causa estranheza é que a opção de VLT jamais foi analisada ou sequer cogitada pelo poder público de Blumenau, principalmente quando existe consenso sobre as particulares dificuldades geográficas e urbanísticas da cidade e a necessidade de soluções definitivas.
Onde ficou o nosso espírito pioneiro? Um projeto dessa natureza depende essencialmente de decisões políticas, mas essas exigem para seu êxito fundamentalmente uma assessoria técnica competente e de alto nível – aparentemente uma carência do Seterb.
Fonte: Jornal de Santa Catarina
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