É tempo de se avançar com o projeto de obras de infraestrutura, que serão necessárias, conforme as disposições da Fifa, para que o Brasil acolha, em 2014, os jogos do campeonato mundial de futebol. São obras de grande porte, a começar pela construção de novos estádios e reforma de outros nas cidades que vão servir de sede à disputa daquele certame, estando prevista ainda melhora no sistema de transporte coletivo, com o objetivo de atender, com mais eficiência, ao público que acorrerá aos locais dos referidos jogos, que trarão também ao Brasil um número considerável de visitantes, como tem se verificado nos países onde foi realizada Copa do Mundo.
A contagem para 2014 se inicia agora em junho, a partir do torneio da África do Sul. É mais do que conveniente se evitar transtornos de última hora. Serão beneficiadas com melhora no seu sistema de transporte coletivo um total de doze cidades, sedes das futuras disputas, entre as quais o Recife, que já assistiu, aliás, jogo daquele certame, quando da sua realizaçãono Brasil, em 1950, um dos momentos mais dramáticos da história do nosso futebol, quando o Uruguai se tornou, em pleno Maracanã, o campeão do mundo, enfrentando o selecionado nacional.
Algumas dessas cidades, segundo foi anunciado, devem contar com a implantação de veículos leves sobre trilhos (VLTs), uma espécie de modernos bondes, que já trafegaram pelas ruas da capital pernambucana, alcançando os seus trilhos a cidade de Olinda, tendo surgido numa época em que o Recife promovia as suas primeiras mudanças urbanísticas. Mostrou-se uma eficiente modalidade de transporte público. "O Recife crescia, sua população aumentava, o comércio desenvolvia-se, o movimento no centro tornava-se cada vez maior, a cidade estendia-se em direção aos subúrbios", recorda o escritor Alves da Mota, em importante obra que enriquece a história do transporte coletivo da nossa capital, intitulada: No tempo do bonde elétrico.
Este é o momento exato para se concretizar projeto de tal envergadura, colocando-se em funcionamento os VLTs,para não somente atender às demandas da Copa de 2014, mas, sobretudo, para assegurar aos recifenses uma nova alternativa de transporte, capaz de garantir eficiência e conforto ao sistema de mobilidade urbana.
Diante dessa perspectiva, teremos um dia condições de reduzir a presença do transporte individual nas ruas da cidade, a exemplo do que ocorre em muitas e muitas cidades do mundo, onde o transporte ferroviário, em suas diferentes versões, é hoje ponto de referência em termos da mobilidade a que nos referimos.
Temos afirmado, neste espaço, que a melhora do transporte público do Recife e adjacências, compreendendo-se assim a denominada região metropolitana, passa pelo processo de ampliação do sistema ferroviário, estendendo-se inclusive as linhas do nosso metrô a outras áreas da cidade. Entretanto, é necessário que se manifeste, entre os dirigentes do planejamento urbano, vontade política, fazendo prevalecer formulações mais racionais no trato de tão importante aspecto das demandas coletivas.
Para se terideia do que representa a implantação de veículos leves sobre trilhos numa cidade das dimensões do Recife, é bastante lembrar que uma só composição de VLT conduz 270 passageiros, em média, enquanto se necessita de quatro ônibus para o transporte do mesmo número de pessoas.
Fonte: Diário de Pernambuco
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