Os usuários de transporte coletivo, já indignados com a operação tartaruga, que, pelo segundo dia consecutivo, obrigou centenas de juizforanos a percorrerem longas distâncias a pé ou amargarem horas de espera dentro dos coletivos, devem se preparar. O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo (Sinttro) ameaça antecipar para amanhã a greve que começaria na segunda-feira, caso a categoria assim decida em assembleia marcada para as 10h. A Astransp, por meio de sua assessoria, “repudia a atitude” e afirma que, em todas as rodadas de negociação, teria sido firmado compromisso verbal de que nenhuma manifestação prejudicaria a população.
Ontem, o transtorno aos passageiros começou cedo. Desta vez, não apenas a Avenida Rio Branco, mas também a Brasil ficou congestionada já nas primeiras horas da manhã. A retenção era tanta que se formou uma numerosa fila de ônibus na via, tornando o tráfego impraticável. A maior parte dos usuários optou por descer e seguir a pé. Também houve reflexo no fluxo dos veículos de passeio. À tarde, o congestionamento ficou mais concentrado na Rio Branco, na altura do cruzamento com a Benjamim Constant, no sentido Centro-Bom Pastor.
Segundo o Sinttro, o movimento atingiu todas as vias da cidade, e o atraso nos horários dos ônibus teria chegado a três horas. Durante todo o dia, os táxis foram disputados, e os pontos de ônibus ficaram lotados.
A doméstica Romilda Aparecida dos Santos saiu do Bairro Bandeirantes às 7h40 e só conseguiu chegar ao São Mateus por volta das 10h. “Na Avenida Brasil parou tudo. A maioria dos passageiros desceu. Fiquei uma hora e meia dentro do ônibus. Só por volta das 9h, o veículo voltou a andar, lentamente.” O aposentado Air Souza Pereira saiu do Bairro Santa Cruz com destino ao Centro, mas teve de descer na ponte de Santa Terezinha, porque o trânsito não fluía. “Não existe a preocupação com os usuários que estão passando sufoco nos pontos. É para ficar revoltado”, desabafa.
A representante comercial Rosi Castro também está inconformada com o movimento. Ela pagou uma passagem para andar poucos metros e andou a pé da ponte do Manoel Honório até o Granbery. Rosi até tentou pegar um táxi, mas não havia carros disponíveis.
Segundo o presidente da Associação dos Taxistas, Luiz Gonzaga, a procura por táxis dobrou ontem, deixando os pontos vazios e provocando filas de espera. Apesar de o aumento na demanda ajudar a sua categoria, o taxista considerou o ato “uma covardia com o trabalhador”. Gonzaga diz que não é contra a luta da categoria, mas afirma que deveriam ser respeitados os horários de entrada e saída dos trabalhadores e dos estudantes.
- Prefeito diz que pode intervir
Hoje, às 16h, Sinttro e Astransp devem se reunir na Gerência de Trabalho e Emprego para tentar um acordo. Dependendo do resultado, o prefeito Custódio Mattos (PSDB) sinalizou, ontem, que pode tomar medidas para impedir que a população continue sendo prejudicada. Enquanto a categoria reivindica aumento de 14,16%, o sindicato patronal oferece 5,45%.
De acordo com o vice-presidente do Sinttro, Paulo Avezani, a adesão ontem teria chegado a 100%. Sobre a insatisfação da população, ele recomenda os passageiros a recorrerem a seus representantes, já que o papel do sindicato é defender os interesses dos trabalhadores. “Entendemos que é melhor a operação tartaruga que parar os ônibus”, disse.
Em relação ao movimento intensificado pelo sindicato ontem, a Astransp reforçou, mais uma vez, que, de sua parte, as negociações ainda estão abertas. Também afirmou que não considera justa a pressão que o sindicato exerce, “utilizando-se de meios que penalizam o usuário do transporte coletivo”. Questionada sobre o atraso no horário das viagens, a entidade não se posicionou.
Fonte: Portal JFMG
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