A revolução do automóvel, saudada como a marca do século 20, produziu paradoxalmente a crise da mobilidade urbana nas metrópoles mundiais. O crescimento das cidades e a expansão da frota de veículos automotores provocaram o caos no transporte público de algumas das maiores metrópoles do mundo – como a Cidade do México, Tóquio, Xangai, Cairo, Jacarta ou São Paulo, num fenômeno que agora se estende também à maioria das cidades grandes e médias do planeta. No Brasil, que nos 50 anos de indústria automobilística já chegou à marca dos 50 milhões de automóveis fabricados, a questão assume contornos dramáticos. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e até Brasília, em escala maior ou menor, enfrentam os efeitos maléficos do excesso de automóveis. Imensos engarrafamentos que em São Paulo frequentemente são quantificados em dezenas de quilômetros, poluição, estresse, acidentes de trânsito e gastos com combustível somam-se ao tempo perdido pela população.
Só na capital paulista, segundo a Fundação Getulio Vargas, a questão do trânsito provoca um prejuízo anual de R$ 26 bilhões apenas com as horas de trabalho perdidas nos engarrafamentos. Somadas, as mais de duas horas que os cidadãos perdem cada dia no transporte significa que cada um deles passa em ônibus ou automóveis pelo menos dois dias inteiros por mês.
Porto Alegre é uma das cidades que caminham para esse tipo de gargalo, que significa um desafio. Sem um sistema de transportes de massa que junte rapidez e eficiência, como seria uma rede de trens urbanos, por exemplo, ou sem uma solução estrutural que revolucione o padrão de mobilidade, a capital gaúcha tenderá a ter seu trânsito inviabilizado.
Os engarrafamentos que hoje paralisam a Capital nas horas de pique, tendem a se transformar numa rotina de todos os horários. A cidade está à espera de soluções que ultrapassem os remendos que nas últimas décadas têm caracterizado a presença dos poderes públicos.
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