A população usuária de transporte público em Cuiabá, como era de se esperar, não digeriu a decisão da Prefeitura de programar, para os próximos dias, um aumento da passagem de ônibus coletivo. Proposta do Conselho Municipal de Transportes, em votação levada a efeito na segunda-feira (4), é de que a tarifa suba de R$ 2,05 para R$ 2,43.
Em verdade, esse teto é o limite a que pode chegar o reajuste, e que, para ser efetivado, é necessário que o prefeito Wilson Santos (PSDB) assine decreto, tornando pública a medida. Em entrevista, o chefe do Executivo, porém, mandou uma mensagem: não tem pressa para decretar o reajuste. E até emitiu um sinal: a tarifa, dificilmente, chegará a esse teto definido pelos conselheiros municipais. Há pelo menos dois anos, a passagem de ônibus em Cuiabá não tem aumento. Eis a razão pela qual empresários do setor pressionam o prefeito. Afinal, em suas justificativas, eles alegam aumento de custos operacionais, sobretudo, com a manutenção dos veículos, pagamento de salários, despesas com combustíveis, peças etc.
O inconveniente é que, há menos de seis meses, quando subiu nos palanques para convencer os eleitores de que seus propósitos seriam os mais sérios possíveis, caso fosse reeleito – como, de fato, o foi -, o prefeito Wilson Santos prometeu que não aceitaria, em nenhuma hipótese, reajuste da tarifa de transporte coletivo. Nos mesmos palanques, o tucano se comprometeu com a melhoria do sistema, exigindo, entre outras medidas, que as empresas investissem mais para oferecer aos cidadãos um transporte público de qualidade. Nem uma coisa, nem outra.
O prefeito não apenas parece ter jogado na lata de lixo a promessa de campanha, como as empresas insistem em oferecer um serviço de péssima qualidade. É flagrante a falta de reestruturação do sistema viário, aliada a mais completa ausência de melhoria dos serviços de transporte coletivo. É fato notório que a grande maioria dos ônibus que circulam na Capital não oferece nenhum conforto ao usuário, que paga uma das tarifas mais caras do país; os motoristas não têm preparo adequado para lidar com o público; e os corredores, notadamente nos bairros da periferia, não oferecem condições de trafegabilidade.
Se o Executivo não cumpre promessa, o Legislativo, de seu lado, é omisso, pois não fiscaliza, não cobra, nem cumpre sua obrigação. Não por acaso, esse completo descaso por parte dos dois poderes tem dado margem a suspeitas – entre elas, a da existência de relações promíscuas com os empresários do setor de transporte coletivo.
0 comentários:
Postar um comentário