A frota de ônibus de Belo Horizonte vai ficar de cara nova a partir de novembro. A BHTrans mudará o layout de 3.040 veículos, que estarão nas ruas com o início da operação dos quatro consórcios que venceram licitação pública para explorar o transporte pelos próximos 20 anos. As cores são as mesmas, com variações apenas no tom. E os desenhos são menos extravagantes.
A empresa que gerencia o transporte na capital faz segredo sobre as mudanças. Quer que o prefeito Fernando Pimentel (PT) tenha exclusividade do anúncio. Mas as viações já estão se adaptando e alguns modelos desfilam entre a sede da BHTrans, no Bairro Buritis, na Região Oeste, e as garagens. O Estado de Minas fotografou um deles. As cores dos coletivos, atualmente definidas de acordo com o tipo de itinerário, devem ser respeitadas. O tom será mais forte na parte inferior das laterais e mais fraco acima. A regra vale para as linhas circulares e alimentadoras (amarelo), diametrais e radiais (azul), troncais (verde), interbairros (laranja) e semi-expressas (vermelho). As enormes setas circulares, que ocupavam a lateral dos ônibus, vão sair de cena e dar lugar às imagens, sombreadas, de quatro cartões-postais de BH: os arcos do Viaduto de Santa Tereza, o obelisco da Praça Sete, a Igrejinha de São Francisco de Assis, na Pampulha, e o Edifício Niemeyer, na Praça da Liberdade. O pára-brisa terá adesivos bicolores, que indicam as regiões em que o coletivo circula. No interior, será alterado o lugar de instalação dos quadros de horário. Eles passam da lateral direita para a esquerda e, agora, vêm com um mapa do percurso da linha. Antes vermelhos, os assentos reservados para idosos, gestantes, portadores de deficiência física e obesos serão amarelos. O procurador-geral do município, Marco Antônio Rezende, explica que a renovação será gradual. Os coletivos não serão repintados. “Isso já está decidido. À medida que novos modelos forem comprados, o novo layout será introduzido”, explica, acrescentando que, em dois anos, toda a frota deve ser trocada. Até lá, dois padrões visuais vão conviver na cidade, o que, para ele, não é problema: “O que importa é a identificação do ônibus”.A idéia é que não haja adesivos com o número e os bairros atendidos pelo coletivo. A informação deve constar em painéis eletrônicos reprogramáveis, na dianteira e na traseira dos veículos, o que facilita o remanejamento dos carros de uma linha para outra. De acordo com a BHTrans, esse tipo de manobra deve ser mais comum com a reformulação que começa em novembro. Agrupadas em consórcios, as viações vão poder “emprestar” frota umas para as outras. Elas são 40, mas poucas estréiam no transporte da capital. A maioria já opera no sistema de transporte público. Na sexta-feira, a Gerência de Comunicação da BHTrans informou apenas que um dos objetivos das mudanças é atender a portarias recentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que trazem mudanças nas regras de acessibilidade e fabricação dos veículos de transporte urbano. A empresa faz várias promessas para melhorar o sistema, como a implantação de GPS nos veículos. Garante ainda que, nos pontos mais movimentados, haverá visores eletrônicos informando o tempo restante para o embarque. Mas o principal desafio é reduzir a superlotação. O limite de ocupação nos ônibus, que atualmente varia de 5,5 a 7 passageiros em pé por metro quadrado, nos horários de pico, cairá para 5, por exigência do edital de licitação. Reportagem publicada pelo Estado de Minas em junho, com base em relatório interno da BHTrans, mostrou que o número de ocupantes ultrapassa em até 51% a capacidade. Na linha 309 (Petrópolis/Estação Diamante), onde cabem 69, entram 104 passageiros.