A previsão consta de um estudo do Programa de Engenharia de Transportes da Coordenadoria de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). A equipe coordenada pelo professor Paulo Cezar Ribeiro projetou o número de veículos baseado no crescimento verificado nos dez últimos anos. Em 2001, a frota na cidade era 1,3 milhão de automóveis, 500 mil carros a menos do que atualmente.
“Os congestionamentos serão mais extensos, começando antes e terminando depois, e vão abranger um maior número de ruas. Isso é inevitável”, afirmou Ribeiro, que alertou para a falta de planejamento de longo prazo, em períodos que vão além dos mandatos dos governantes.
Ele lembrou que muito do que existe no Rio em avenidas expressas, túneis e elevados foi projetado ou construído há mais de 40 anos, ainda na época de Carlos Lacerda, que governou o antigo estado da Guanabara de 1960 a 1965.
“Esta é uma das grandes constatações. O Lacerda chamou um planejador estrangeiro, o [arquiteto grego Constantino] Doxiádis, que fez uma análise muito boa da cidade, com projeções para 20 e 30 anos”, lembrou o professor da Coppe. Ele frisou existir iniciativa semelhante, o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), entregue em 2005, e atualizado recentemente, mas que precisa ser implementado. “Caso contrário, vamos chegar a uma situação em que a mobilidade na cidade vai ficar muito reduzida. Daqui a dez anos vai ser muito tarde.”
Ribeiro alertou que, se não forem executados melhoramentos viários agora, a situação chegará a um nível crítico em um futuro próximo. “Se a frota continuar aumentando com a taxa dos últimos dez anos, vão se agravar ainda mais os congestionamentos. Os governantes vão ter que investir em transporte público de qualidade, como metrô, trem e BRT [ônibus em corredores expressos], mas melhorar também o sistema viário, porque as pessoas vão continuar a andar em transporte particular.”
Segundo o estudo da Coppe, nos últimos anos a frota de carros dos municípios do Rio e de Niterói cresceu em média 28%. Em outras cidades, o aumento foi ainda maior, chegando a 38% em Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e 43% em Campos dos Goytacazes, no norte do estado.
Para o professor da Coppe, o Rio já está próximo de índices de carros por habitantes verificados na Europa, de 500 automóveis por mil habitantes, mas ainda longe dos Estados Unidos, de 900 por mil.
No Brasil, segundo números do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), circulam 64 milhões de veículos, o que dá uma taxa de 315 veículos por mil habitantes. Em 2020, segundo os cálculos da Coppe, haverá um aumento aproximado de 50%, chegando a 95 milhões de veículos em todo o país.