A Secretaria Municipal dos Transportes (SMT) anunciou ontem a construção de três corredores de ônibus na cidade de São Paulo. O principal projeto, e provavelmente o primeiro a sair do papel, será uma faixa exclusiva na Radial Leste, uma das vias mais movimentadas da cidade. Estão programados um projeto na zona sul e outro na norte.
Falhas. Buracos em corredores entre as queixas
Caso saiam realmente do papel, serão os primeiros corredores em quatro anos de gestão Gilberto Kassab (DEM). Anteriormente, foram anunciados corredores na Avenida Celso Garcia e o Expresso Tiradentes - ambos viraram linhas de metrô, sob responsabilidade do Estado.
O projeto do corredor da Radial deve ser concluído nos próximos meses e há a possibilidade de que as obras comecem neste ano. A faixa terá 8 quilômetros, entre o Parque d. Pedro II e Avenida Aricanduva. A faixa exclusiva deve provocar a extinção de pelo menos uma das faixas destinadas aos demais veículos. "Diria que eventualmente pode (tirar uma faixa de carro). Vamos tentar ver se existe uma solução para que não tire", disse Kassab.
Por outro lado, o projeto já é uma velha reivindicação para aliviar a Linha 3-Vermelha do Metrô - hoje com mais de dez passageiros por m². "É positivo, desde que tenha área de ultrapassagem. E tem de integrar com outros meios de transporte", diz o mestre em Transportes pela USP Sérgio Ejzenberg. Segundo a secretaria, os três projetos preveem áreas de ultrapassagem.
Sul e norte. Os outros corredores terão os projetos concluídos neste ano, segundo a meta da Prefeitura. Os cálculos apontam R$ 60 milhões de investimento em 2011. O corredor da zona sul vai fazer o trajeto Capão Redondo-Campo Limpo-Vila Sônia, com cerca de 12 quilômetros entre o Terminal Capelinha e a futura Estação Vila Sônia do Metrô - obra prevista para 2012. A maior parte do trajeto será pela Estrada de Itapecerica, que deve ter problemas para os carros.
O projeto da zona norte vai usar a estrutura da rede de trólebus - mas sem adotar essa matriz energética. Será o corredor Casa Verde-Rio Branco-Centro, que vai passar por vias como a Avenida Engenheiro Caetano Álvares, Ponte do Limão, Avenidas Marquês de São Vicente e Rio Branco, até o Terminal Correio.
A gestão ainda anunciou um pacote de intervenções nos corredores já existentes. O objetivo é aumentar a velocidade média dos ônibus em 15% - chegando a 23 km/h. Atualmente, os ônibus dos corredores trafegam a uma velocidade média de 20 km/h. O aumento da velocidade equivale a novos 2.250 mil ônibus, segundo a São Paulo Transporte (SPTrans).
A ideia é ter também equipamentos mais modernos para aumentar a fluidez. Segundo o secretário dos Transportes, Marcelo Cardinale Branco, serão construídas áreas de ultrapassagem e gargalos serão eliminados. "Vamos investir na modernização, adotando semáforos inteligentes que abrem quando os ônibus se aproximam", diz. Serão investidos R$ 6,2 milhões em projetos operacionais para aumentar a velocidade dos ônibus e outros R$ 92 milhões na requalificação dos trajetos exclusivos.
O anúncio foi recebido com otimismo por passageiros, que reclamam de demora, lotação e lentidão. "Meu ônibus faz um itinerário muito longo, demora e vem lotado", conta a recepcionista Íris Fernandes, de 23 anos, que mora no km 15 da Rodovia Raposo Tavares e trabalha perto da Avenida Rebouças. Na mesma parada, a diarista Nilzete Souza Santos, de 51 anos, reclama da sujeira na passarela. "Tem lixo por todo canto, uma imundície."
Na corredor de ônibus da Marquês de São Vicente, na zona oeste, a estudante Mayara Silva, de 17, reclama da má distribuição de veículos entre as linhas. "Para a Cachoeirinha passa um monte, mas para meu bairro, Guarani, não passa nunca."