- Entrevista foi concedida ao Jornal de Santa Catarina
Santa - Junto com essa discussão vem também o questionamento de por que os ônibus intermunicipais não podem utilizar esses espaços que serão criados exclusivos para ônibus? Clebsch - A criação dos corredores exclusivos de ônibus não é novidade. Blumenau se integra nessas ações que muitos outros municípios já implantaram e temos a crítica de várias cidades que implantaram o corredor exclusivo para o transporte coletivo com uso compartilhado com outros modais e estão de certa forma arrependidos, porque o resultado operacional não foi aquele esperado. Então para não repetir erros que outros governantes cometeram em relação à criação dos corredores exclusivos, em Blumenau não será compartilhado com nenhum outro modal de transporte coletivo.
Santa - O Seterb divulgou que 5 mil pessoas seriam atingidas com a mudança e julgou o número muito pequeno considerando o número de habitantes da cidade. O reflexo causado com esses passageiros não teria tanto impacto assim, então? Clebsch - O blumenauense não consegue se deslocar do bairro até o Centro num único ônibus, o cidadão que vem de fora do município ainda o faz. Há mais de 15 anos, 150 mil pessoas da cidade foram submetidas, para contribuir com a mobilidade urbana, à necessidade de fazer a troca do ônibus, o transbordo nas plataformas dos terminais urbanos. Na época, houve resistências, muitas críticas que estão superadas e compreendidas pela população. Em razão disso, falamos que é um percentual muito pequeno de pessoas atingidas.
Santa - Se a intenção é incentivar o uso do transporte coletivo, a medida não deveria ser no sentido de coibir o uso do carro? Clebsch - Mas a criação dos corredores exclusivos de ônibus é uma restrição ao uso individual do carro. Na medida em que se cria uma canaleta exclusiva de ônibus, não mais compartilhada, como temos num trecho da Beira Rio hoje, tira-se uma parte importante da estrutura hoje compartilhada com veículos, destinando-a exclusivamente para os coletivos, penalizando de uma certa maneira aquele que usa individualmente seu veículo.
Santa - A tendência é a medida não entrar em vigor dia 1° de janeiro? Clebsch - Há uma série de questões sob as quais nós não temos controle. Havia uma expectativa do prefeito João Paulo Kleinübing de que no dia 1º de janeiro de 2010 a cidade já estivesse praticando essa medida, considerando que neste dia, os corredores de ônibus estivessem completamente concluídos. Nós já temos identificados alguns problemas burocráticos na captação de recursos do financiamento junto ao BNDES que ensejam a necessidade de reavaliar esses prazos. Mas quem vai definir isso é o prefeito.