Enquanto o número de carros só aumenta nas ruas, com aumento de 51% na frota só nos últimos nove anos, a quantidade de passageiros no transporte público cai. É o que mostram os dados da BHTrans no período entre 2014 e 2022, quando houve uma queda de 40% no total de pessoas transportadas por ano pelos ônibus da capital mineira -- foram 448,3 milhões, contra 269,3 milhões no ano passado.
Os índices foram ainda mais impactados por conta da Covid-19 e o sistema ainda não conseguiu recuperar o valor pré-pandemia, em 2019, que foi de 353,1 milhões de passageiros no ano.
O especialista em trânsito Frederico Rodrigues ressalta que esse é um problema crônico que acompanha o transporte público há muito tempo, fenômeno que foi ainda mais potencializado por apps como Uber e 99.
“A cultura brasileira, aliada à qualidade do transporte coletivo, por mais que tenham sido feitos esforços, leva as pessoas a migrarem para um modo individual. E, sem dúvida, a Uber é mais um ponto que tirou várias pessoas do transporte coletivo, devido ao barateamento desses deslocamentos quando comparados aos táxis”, argumenta.
Insatisfação😞
Um estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no fim do ano passado apontou que 63,2% da população considera o transporte público urbano como ruim ou péssimo. Para Lorena Freitas, esse descontentamento é um reflexo de anos da falta de políticas públicas para o setor, aliado à facilidade trazida pelos aplicativos de mobilidade.
“As plataformas se tornaram uma alternativa de transporte mais barata que comprar um carro, e é acessível para uma parcela da população. Com isso, acaba cobrindo a falta que os coletivos deixam, seja pelo valor da tarifa ou pela falta de capilaridade para atender as demanda”, explica.
A especialista finaliza que são poucos os municípios brasileiros que conseguem subsidiar o transporte público em algum nível e, por isso, defende a criação de fundos geridos pela União para que o setor tenha repasses para investimentos.
“Sempre que a gente tem essa redução da demanda, que é uma tendência, temos uma série de problemas que estão ligados a precarização do serviço, da qualidade, a redução ou extinção de linhas, o aumento da tarifa, que vai fazendo com que ela fique cada vez mais inacessível”.
Informações: O Tempo
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