A paralisação no sistema metroviário no Grande Recife, na última segunda-feira (26) e que afetou a linha centro do metrô, foi a 73ª ocorrida somente este ano segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que administra o Metrô do Recife. O número de interrupções, de acordo com a CBTU, representa 0,80% de um total de aproximadamente 91 mil viagens que aconteceram de janeiro até última semana de agosto. Os problemas têm revoltado os passageiros que utilizam o serviço, que sofre com o sucateamento e a escassez de verbas.
Entre as 73 paradas, três resultaram em paralisações mais longas. A mais duradoura parou a linha Centro do metrô por quatro dias em julho passado. Entretanto não há uma estimativa de quantas viagens deixaram de ser feitas em dias de suspensão do serviço. A última interrupção ocorreu por causa de um curto circuito que danificou o cabo de transmissão na Linha Centro, prejudicando principalmente o ramal Camaragibe. Há suspeita de que tenha sido uma ação de vandalismo - uma rede de pesca, segundo a CBTU, foi jogada em cima de um trem e se enroscou no pantógrafo, equipamento que liga o veículo à rede aérea.
De acordo com o superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, Leonardo Villar, os serviços de manutenção estão sendo feitos dentro das limitações financeiras. “Estamos procurando trabalhar para minimizar estas estatísticas e fazer um comparativo com outras”, afirmou Villar, que também disse buscar alternativas para detectar os problemas antes que eles aconteçam.
O superintendente informou que há um déficit de R$ 250 milhões nas contas da companhia. Segundo ele, cerca de R$ 7 milhões por ano são gastos com a manutenção do serviço. No orçamento anual, estava prevista a concessão de R$ 98 milhões, valor considerado baixo pela Companhia; entretanto, devido à contingenciamentos realizado por parte do Governo Federal, somente R$ 54 milhões foram liberados no início do ano, o que, de acordo com a CBTU, garantia o funcionamento até o mês de junho. De acordo com Villar, o restante do orçamento está sendo concedido de forma fracionada, em parcelas mensais de R$ 8 milhões.
Nos dias de paralisação, e também no dia a dia, os usuários do transporte público metroviário enfrentam uma série de transtornos e reclamam constantemente dos serviços. “Ontem (terça) cheguei de 9h27 no trabalho para quem deveria pegar de 8h; isso é horrível.”, afirmou a atendente de caixa Adriana Luísa, 44. “Nós estamos sofrendo muito, o metrô quebrando sempre, quente, falta ar condicionado e temos problemas de segurança. Todos os dias nos dão uma desculpa diferente”, disse a operadora de caixa, que também falou sobre os aumentos na tarifa: “Se tivéssemos melhorias no serviço, os aumentos seriam justificados”.
Viajando diariamente de metrô da estação Jaboatão para a Central, no Recife, a técnica contábil Elisângela Oliveira, afirma que, “nos últimos meses, o sistema tem ido de mau a pior”. “Já tive dinheiro descontado no meu salário por conta de horas que perdi no transporte público. Fora o transtorno que temos com tumultos, violência e falta de estrutura”, disse.
O metrô do Recife foi inaugurado há 34 anos e atende aproximadamente 338 mil pessoas por dia. Cerca de 22 trens fazem em torno de 500 viagens por dia. No próximo dia 8 de setembro, a tarifa do metrô sofrerá reajuste de R$ 0,40, passando a custar R$ 3.
Informações: Folha de Pernambuco
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