Com as obras iniciadas há exatos 10 anos, no dia 2 de setembro de 2004, a linha 4-Amarela deveria ser concluída em 2010. Quatro anos depois, o ramal, que ligará a Luz à Vila Sônia, só teve 6 das 11 estações concluídas (veja quadro). A próxima data estipulada pelo governo estadual para finalizar o ramal é 2016.
A construção da linha Amarela foi marcada por diversos problemas. O mais grave deles aconteceu no dia 12 de janeiro de 2007, quando a obra da estação Pinheiros desabou, abrindo uma cratera de 80 metros de diâmetro, que engoliu carros, caminhões e até casas. Sete pessoas morreram.
À época, o então governador José Serra (PSDB) afirmou que a tragédia não afetaria o cronograma de entrega. Mas no mesmo ano, outro problema foi detectado: um erro provocou um desencontro de túneis que estavam sendo escavados a partir de duas frentes de trabalho. A falha obrigou as empreiteiras a fazer correções que fizeram com que as escavações se estendessem por mais um mês. O problema ocorreu em um ponto que deveria ser a conexão dos túneis Caxingui/Três Poderes, na zona oeste.
As primeiras estações da linha (Paulista e Faria Lima) foram entregues apenas em maio de 2010. As outras quatro foram entregues no ano seguinte.
Pelo cronograma do governo estadual, a estação Fradique Coutinho deve ser entregue no próximo dia 25. “As obras estão a pleno vapor. Estamos lá com 150 homens só trabalhando na parte de energia e sinalização”, afirma o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes.
A estação Oscar Freire, que também deveria ser inaugurada este ano, deve ficar para 2015.
Em nota, o Metrô afirmou que a alteração nos prazos inicialmente previstos está atrelada a fatores externos à gestão, como recursos judiciais, demora na concessão de licenças ambientais, ações judiciais relacionadas às desapropriações, entre outros. A companhia diz, ainda, que a linha 4-Amarela é a primeira PPP (Parceria Público Privada) do Brasil na área de transporte e foi reconhecida internacionalmente dentre os melhores projetos no mercado emergente.
A linha começou a funcionar em maio de 2010 e teve a primeira fase entregue completamente em setembro de 2011. Diariamente, 750 mil usuários são transportados. As estações Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higienópolis-Mackenzie estão em fase de acabamento. O mesmo acontece com a estação São Paulo-Morumbi, que será aberta em 2015.
Análise - ‘Prazos são políticos, não reais’*
Existe uma grande diferença entre o cronograma divulgado pelo governo estadual e o que realmente pode ser levado em consideração tecnicamente. As datas são escolhidas politicamente, geralmente em anos eleitorais. Os prazos não são reais.
Durante toda a história do Metrô, sempre houve atrasos nas entregas de estações. Seja, nas paradas da linha Lilás, Verde ou na Amarela. Isso mostra falhas de gestão e falta de transparência.
No caso da linha Amarela, quando houve o acidente na estação Pinheiros, estava claro que a linha 4 não seria concluída dentro do prazo. Não só pela complexidade na execução das obras, mas também porque eles precisariam refazer praticamente todo o fosso que havia sido construído. Agora também não podemos acreditar que as próximas estações serão entregues nos prazos anunciados. Mesmo que as últimas estejam prometidas para 2016, daqui a dois anos.
* Claudio Barbieri - Especialista e consultor em transporte público
Fonte: Márcio Alves - Metro
|
0 comentários:
Postar um comentário