Com a greve do transporte coletivo, muitas pessoas recorreram aos táxis para conseguir voltar para a casa em Mogi das Cruzes, nesta terça-feira (5). “O movimento começou a aumentar logo depois do almoço. Basta passar nos pontos da região central e as pessoas praticamente pulam na frente do carro para pegar condução”, disse o taxista Mayke Maurício Pereira Veiga, de 25 anos.
Diante desta situação, pessoas que iam para o mesmo destino compartilhavam a viagem, segundo o taxista, e dividiam o valor da corrida. Ele afirmou que não houve aumento no preço por causa disso. “Geralmente rodo 150 quilômetros por dia, hoje rodei 306 quilômetros”, completou o taxista com o celular que não parava de tocar.
A aposentada Idalina de Campos Cardoso disse que ficou uma hora em um ponto da região central. Como nenhum coletivo passava, ela recorreu ao táxi. “Eu paguei 4 reais dividindo a corrida com mais três pessoas que também iam para o Socorro.”
Paralisação
A manifestação de motoristas e cobradores do transporte público de Mogi das Cruzes começou ainda de madrugada. No início da manhã afetou o Terminal Estudantes, mas, à tarde, chegou a suspender os serviços no Terminal Central, onde passageiros e funcionários desciam dos ônibus que chegavam e os veículos não saiam mais. As plataformas ficaram lotadas assim como os pontos de ônibus.
A maioria dos manifestantes é da empresa CS Brasil, que divide as linhas municipais com a Princesa do Norte. No começo da manhã alguns funcionários que tinham aderido à paralisação eram da Princesa do Norte, mas a minoria. Ninguém da empresa foi localizado pelo G1.
No começo da greve, os funcionários disseram que mais de 200 motoristas e cobradores tinham aderido ao movimento. Por volta das 15h, parte dos ônibus saia com passageiros do Terminal Estudantes, mas havia muitas pessoas esperando pelo transporte e muitos ônibus parados do lado de fora.
Uma reunião foi realizada no fim da tarde desta terça entre o secretário de Transportes, Fábio Vega, e representantes das empresas responsáveis pelo transporte. A prefeitura disse que “já cobrou uma das empresas concessionárias do transporte coletivo municipal, no sentido de que ela regularize imediatamente a operacionalização do sistema, cumprindo assim o que está determinado no contrato de concessão. A maior preocupação no momento é restaurar o sistema em sua plenitude.”
Uma outra reunião foi feita à tarde na garagem da empresa com representantes da concessionária, do sindicato da categoria e funcionários em greve, mas segundo manifestantes, não houve avanço e a paralisação deve continuar na quarta-feira (6).
Funcionários disseram ao G1 que houve redução nas horas extras por causa de uma nova lei que regulamenta o trabalho. Eles disseram que concordam com a redução da carga horária por se tratar de uma profissão estressante, mas querem aumento salarial. Com a redução das horas extras, os salários caíram.
Reginaldo Paccini, diretor do Sindicato dos Rodoviários de Mogi das Cruzes, Suzano e Região, disse que a entidade não apoia a greve porque os trabalhadores reclamam de uma lei federal, uma situação que não pode ser resolvida com uma paralisação. Além disso, o sindicato afirmou que discussões sobre aumento salarial vão ser feitas em maio, como ocorre todos os anos, quando as propostas são apresentadas para as empresas. O diretor ainda afirmou que a paralisação é ilegal. “Por lei, qualquer tipo de greve no setor de transporte deve ser notificada com 72 horas de antecedência em edital em jornal, além disso tem que ser feita assembleia."
A CS Brasil se manifestou sobre a paralisação apenas às 10h43, quando informou que dos 129 ônibus que operam em Mogi das Cruzes 25 estavam parados. Cerca de 5% do quadro de motoristas deram início à paralisação parcial, sem apoio do sindicato da categoria. Discussões estavam em andamento para a normalização do trabalho.
Por Fernanda Lourenço e Douglas Pires
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