O problema de deslocamento em grandes cidades não é exclusividade do Brasil. Aqui isso tem se agravado. Em vez de investirmos em transporte coletivo, baixamos impostos para o transporte individual. Em vez de apostar em trens e navios para o transporte de cargas, mandamos tudo por caminhões. (Já notaram que, em grande parte dos acidentes, tem um caminhão ou ônibus envolvido?).
Um amigo foi perguntado por um europeu como era o transporte por trens no Brasil. “Incipiente”, respondeu. Comentário do europeu: “Então as estradas de vocês devem ser péssimas!”. Consequência disso? Somos os campeões mundiais em acidentes de trânsito e engarrafamentos.Enquanto isso acontece por aqui, os mais desenvolvidos centros urbanos do mundo caminham no sentido contrário.
Usar bicicletas para trabalhar ou se deslocar está deixando de ser coisa de pobre, para se tornar transporte de gente consciente. A cada dia que passa, mais gente tem escolhido a bicicleta como seu meio de transporte preferido, especialmente nas cidades mais ricas do mundo, como Nova York, Londres, Tóquio, Berlim. Frankfurt, há anos, vem estreitando ruas, para circularem menos carros no centro.
Em Copenhague, muitas ruas antes dominadas por carros em busca de estacionamento hoje são espaços para pedestres e bicicletas. Nova York já estuda pedágio e taxa de engarrafamento para carros no centro. E começou a fechar algumas ruas, em determinados períodos, para carros. Também lá estão trocando estacionamentos de carros, para estacionar bikes. Cresce a quantidade de ciclovias.
O número de bicicletas aumentou em 35% entre 2007 e 2008. Tóquio já tem cinemas com estacionamentos de bicicletas. Em algumas dessas cidades já acontecem festas com manobristas para bikes.
Em Paris, muitos conhecem a tentativa de usar bicicletas públicas, as Vélib (velo, de bicicleta, em francês e lib, de livre/liberdade). A pessoa passa o cartão de crédito e libera uma bike para uso próprio. Tem uma hora de graça, para estimular pequenos trajetos. Depois disso é cobrada uma taxa. O cartão serve como garantia: roubou=comprou.
No Brasil, cidades como Blumenau e Joinville sempre tiveram grande tradição em usar bicicletas. Por aqui, bicicleta tem sido coisa de pobre, ou veículo de passeio em fins de semana. Somos dependentes de automóveis.Com o aquecimento global, o uso dos carros é questionado fortemente. Imaginem quando os dois países mais populosos do mundo – China e Índia – tiverem grande quantidade de carros circulando. Em Porto Alegre, como em quase todas as cidades brasileiras, não temos metrô.
Nas poucas capitais que têm, como São Paulo, o metrô não tem grande capilaridade. Talvez agora, quando um dos principais artistas da novela da Globo é um ciclista, essa moda pegue.Mas, para que possamos usar a bicicleta no dia a dia, precisamos de ciclovias e locais para deixar as bicicletas, que não amarradas em postes e cercas.
E os motoristas precisam respeitar quem quer cuidar melhor do ar que respiramos e, junto com isso, fazer um bom exercício diário.Quando teremos iniciativas consistentes e corajosas para equipar Porto Alegre para esse que já está sendo considerado por muitos como o transporte do futuro?
Fonte: Alfredo Fedrizzi ao Zero Hora
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