A greve dos rodoviários chegou ao fim ontem. Depois de mais de dois meses de negociação, empregados e patrões chegaram a um acordo, mediado pelo governo, na madrugada. A categoria reivindicava 20% de aumento, mas aceitou a proposta de 9% de reajuste, que incide sobre o salário, (1) a produtividade, a cesta básica e o tíquete-refeição. Quem ainda não sabe se pode respirar aliviado é o passageiro. Após passar pelo sufoco de três dias e meio sem ônibus nas ruas, o usuário do transporte coletivo já se preocupa com outro problema: a possibilidade de aumento na tarifa, uma das mais caras do país. De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do DF, Wagner Canhedo Filho, para cobrir apenas a correção concedida a motoristas e cobradores, seria necessário um acréscimo de cerca de 4,5% nas passagens de ônibus.
O reajuste, no entanto, ainda não está confirmado. Qualquer alteração no preço da passagem de ônibus será decidida pelo Governo do Distrito Federal. Um comitê gestor foi formado para analisar as planilhas de gastos e lucros das empresas, feitas pelos próprios patrões. Por enquanto, o governador Rogério Rosso (PMDB), que mediou as negociações trabalhistas da categoria, descarta o aumento. Segundo Wagner Canhedo Filho, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do DF (Setransp), o governo se comprometeu a dar uma resposta dentro de 30 dias. O prazo começou a correr na última quarta-feira. “O que o estudo apontar será feito. Se a auditoria comprovar a necessidade, as tarifas serão reajustadas. Mas se apontar o contrário, pode haver redução no valor das passagens, independentemente de autorização do GDF. Mas eu tenho confiança absoluta que a planilha vai comprovar o nosso deficit”, prevê Canhedo.
Além do impacto de 4,5% do reajuste salarial, os patrões alegam operar com um deficit de 28% no sistema, e, para supri-lo, seria necessária uma correção na tarifa da ordem de 38%, segundo eles. Somado ao aumento salarial concedido ontem, o preço final da passagem teria de ser 42,5% maior do que o praticado hoje. “Aumentar a passagem seria mais uma humilhação para quem depende do transporte coletivo para ir trabalhar. O preço já é alto e os ônibus vivem cheios”, reclama o auxiliar de almoxarifado Jucinei Torre dos Santos, 28 anos, morador de Planaltina. Ele conta que toda manhã se depara com coletivos lotados, que muitas vezes quebram no meio do caminho.
Fonte: Correio Braziliense
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